quarta-feira, 30 de março de 2022

A sopeira espertalhona

Não resisti a partilhar este simples folheto de cordel. Estes folhetos, embora já existissem nos séculos anteriores, tiveram grande divulgação no século XIX. A designação ficou a dever-se ao facto de serem vendidos pendurados em cordéis, nas bancas de venda ou mesmo à volta da cintura de vendedores ambulantes.

Os temas eram sempre populares, com versos ou com textos teatrais, destinando-se muitas vezes a ser lidos em voz alta por quem tinha alguns estudos para pessoas que não sabiam ler.

Tinham sobretudo sucesso os textos jocosos e humorísticos, sendo que a noção de humor, como tenho vindo a constatar, é totalmente diferente da dos nossos dias.

Neste caso, o texto obedece a essas características glosando o tema das criadas, que então abundavam nas cidades e que são sempre caracterizadas como pessoas que não são de confiança e enganam os seus patrões.

Datado de 1881 e publicado em Lisboa, apresenta o título sugestivo “Conselho que uma sopeira espertalhona dava a um criado há pouco chegado da província com quem podia casar e a maneira delle vir a ser rico em pouco tempo”.

Se o título do pequeno folheto já é informativo, é ainda completado com umas quadras divertidas que ocupam quase 5 folhas, onde se explica como “Desviar” algumas moedas nas compras efectuadas e outros truques do género.

Embora de olho no novo criado, a quem transmite o seu conhecimento, não despreza a estima do patrão, o que justifica a gravura que nos mostra uma figura feminina com a legenda: “A sopeira namorando o patrão e o criado, sem a patroa saber”.

Fica tudo dito!

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