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domingo, 22 de fevereiro de 2009

O Sonasol

O detergente Sonasol foi o produto para lavagem de louça com maior sucesso em Portugal. Era produzido pela Sociedade Nacional de Sabões (SNS), na sua fábrica em Marvila, em Lisboa.

Vem esta dissertação a propósito da embalagem de vidro que apresento, que penso tratar-se dos anos 60.

A produção de sabões em Portugal é muito antiga e seria preciso um estudo profundo para falar sobre ela.

Por agora, centremo-nos na Sociedade Nacional de Sabões que foi fundada em 1919, aproveitando as instalações de uma anterior fábrica: «A Saboaria Nacional do Beato».

O principal período de expansão da empresa deu-se dos anos 20 aos 50 do século XX, tendo-se traduzido num acréscimo progressivo do espaço industrial, que se justificava, por um concomitante aumento da produção e diversificação de produtos.

O Sonasol foi criado em 1951, de acordo com a notícia publicada em «Meios e Publicidade», em Agosto de 2006, em que se afirmava que o Sonasol fazia 55 anos. É natural que a primeira forma de apresentação fosse em barra de sabão, seguindo a tradição inicial.
De acordo com o folheto, de que apresentamos imagens, datado de 1959, estabelece-se a afirmação da existência de «um sabão português para lavar à portuguesa» referindo-se à lavagem da roupa.
Terá sido provavelmente nesta data que começou a surgir uma necessidade de separação da utilização do sabão em barra e da de um detergente com a forma líquida, sob a mesma designação Sonasol.
O detergente líquido Sonasol, embora inicialmente fosse lançado como um produto multi-usos, com indicação para louça, roupa, tapetes, superfícies pintadas, etc, como informava na própria embalagem, foi a sua utilização na lavagem de louça, que acabou por se sedimentar.

Em 1961, a Sociedade Nacional de Sabões, ainda se apresentava próspera e chegou a estabelecer um contrato com a Colgate-Palmolive para a produção dos sabonetes Palmolive em Portugal. O dentífrico Colgate e os produtos para a barba Palmolive foram produzidos pela Colgate-Palmolive em linhas de produção instaladas na antiga fábrica em Marvila.

Em 1975 a fábrica produzia, para além do Sonasol, outros detergentes líquidos das marcas Lavax, Lavax Rosa, Lavax Lãs e Soflan (Portaria 416/75 de 1975 que estabelecia as margens de comercialização).

A fábrica de Marvila manteve-se em laboração até aos anos 80.
Em 1989, a multinacional alemã Henkel, fundada em 1879, que já havia entrado em Espanha em 1960 através da aquisição de fábricas espanholas do ramo, comprou a Sociedade Nacional de Sabões. A Henkel, ainda chegou a ter uma fábrica em laboração em Alverca até 2004, que transferiu para Espanha. Desde então a representação em Portugal passou a ser uma sucursal ibérica e não se produz qualquer produto no nosso país.
A marca Sonasol, de origem completamente portuguesa, continuou a fazer parte da linha de detergentes para louça e limpeza da Henkel, embora hoje de portuguesa só tenha o título.
Por razões que desconhecemos, nós os portugueses, temos o péssimo hábito de dizer mal das coisas portuguesas. Mas há marcas que entraram no coração dos portugueses e ficaram.
Quando a TAP passou um dos seus piores momentos económicos, um inquérito feito a nível nacional, veio mostrar o afecto dos portugueses à transportadora aérea. A empresa não podia acabar porque já era considerada um «produto nacional».
O Sonasol, em barra ou líquido, foi uma dessas marcas que os portugueses aceitaram como sua.
Hoje continua um símbolo nacional, recordado com saudade, quer os alemães queiram ou não.