Os livros com partes móveis
existem há centenas de anos. Um dos primeiros exemplos surgiu no século XIII tendo
sido concebido por Ramon Llull, de Maiorca (1232-1316), que escreveu livros de alquimia e
botânica. Foi o criador de um disco designado volvelle ou círculo
Lulliano, que consistia em dois ou mais círculos de papel com com letras ou
símbolos que rodavam e que tantas aplicações teve no futuro (ainda me lembro de
usar em Obstetrícia uns discos para calcular a data de nascimento das crianças
baseados nesta técnica).
No século XVIII Robert Sayes produziu
livros de «metamorfoses», em 1765, também chamados «turn-up» ou «harlequinades»
que eram compostos por folhas impressas e dobradas. Quando desdobradas noutras
posições apareciam outras imagens que contavam uma diferente história.
Entre 1810 e 1816 uma empresa
inglesa dedicada a produtos infantis, a firma S. & J. Fuller, produziu um
série de livros que tinham bonecas de papel com cabeças móveis e fatos variados
para as vestir. Não tinham histórias e eram considerados brinquedos. Os livros
móveis para crianças surgiram apenas em 1860 e foram publicados por Dean and
Son.
Em 1890 Ernest Nipers concebeu uns livros em que as figuras eram recortadas e surgiam automaticamente quando se abria o livro. Vários exemplos se seguiram até chegarmos ao trabalho de Julian Wehr que publicou o primeiro livro móvel designado «As excitantes aventuras de Finnie e Fiddler».
Wehr registou a patente do seu dispositivo, muito simples, que consiste numa única paleta, na parte inferior do livro, que mexia para a frente e para trás e que fazia mexer mais do que um mecanismo e fez com esta técnica mais de trinta livros. Estava-se na época que antecedeu os livros pop up, que desabrochou nos anos 60 e de que já falámos anteriormente.
Este livro aqui apresentado foi publicado nos Estados Unidos em 1943 com o título «The Gingerbread Boy», o que revelava as origens alemãs do escritor norte-americano. Traduzido para português como «O menino de Pão de Ló» o que fazia todo o sentido numa época em que os portugueses não sabiam sequer o que era o gengibre e as bolachas de gengibre, de influência inglesa, era pouco conhecidas (exceptua-se a sua produção na Madeira pela Fábrica de Santo António, como produto localizado) .
Em 1890 Ernest Nipers concebeu uns livros em que as figuras eram recortadas e surgiam automaticamente quando se abria o livro. Vários exemplos se seguiram até chegarmos ao trabalho de Julian Wehr que publicou o primeiro livro móvel designado «As excitantes aventuras de Finnie e Fiddler».
Wehr registou a patente do seu dispositivo, muito simples, que consiste numa única paleta, na parte inferior do livro, que mexia para a frente e para trás e que fazia mexer mais do que um mecanismo e fez com esta técnica mais de trinta livros. Estava-se na época que antecedeu os livros pop up, que desabrochou nos anos 60 e de que já falámos anteriormente.
Este livro aqui apresentado foi publicado nos Estados Unidos em 1943 com o título «The Gingerbread Boy», o que revelava as origens alemãs do escritor norte-americano. Traduzido para português como «O menino de Pão de Ló» o que fazia todo o sentido numa época em que os portugueses não sabiam sequer o que era o gengibre e as bolachas de gengibre, de influência inglesa, era pouco conhecidas (exceptua-se a sua produção na Madeira pela Fábrica de Santo António, como produto localizado) .
A história, os desenhos e a
animação saíram todos da mesma pena. A narrativa é um bocado sinistra, mas com
a insensibilidade que caracteriza as crianças, deve fazer sentido. Conta a
história de um casal idoso muito feliz em tudo excepto no facto de não terem um
filho. Um dia a velhinha resolve fazer um bolo com o feitio de um menino para
viver com eles. No forno o menino de bolo toma vida e sai a correr recusando-se
a viver com o casal. Seguem-se as desventuras que resultam do encontro do
menino bolo com uns lavradores, com uma vaca, um porco e uma gata selvagem,
todos procurando-o comer. Desanimado o menino volta a casa do casal. Muito contente
a velhinha abraçou-o «mas, de repente,... zás. O menino de pão de ló partiu-se
em dois pedaços iguais». O que mostrava que os meninos de pão de ló serviam
para serem comidos e «o velhinho e a velhinha acabaram por comer inteirinho
este menino de pão de ló».
Acaba assim a história de um forma
que nos deixa de olhos abertos, sobretudo quando estamos à espera de um final feliz. Para além das ilustrações no meio do texto o livro tem 5 folhas
com mecanismos móveis por meio de um paleta, como era hábito do autor, e que
delicia as crianças e alguns adultos, como é o meu caso.