quarta-feira, 24 de maio de 2023

Um caderno de receitas artístico

  

Nos últimos dias tenho estado a organizar os manuscritos de receitas culinárias que tenho adquirido ao longo dos anos.

São muito bem tratados: retiradas as manchas secas de massa com uma espátula; limpos a pincel; restaurados os rasgões; organizados e encadernados de forma simples por mim, ou pelo encadernador, consoante o estado e valor.


Só agora me decidi a registá-los em Excel, o que se revelou uma tarefa hercúlea, porque alguns já tinham número geral no arquivo dos livros e outros estavam espalhados, não me permitindo reagrupá-los por família. 
Por último tento descobrir a quem pertenceram, o que nunca é fácil e, na maior parte das vezes impossível.

No meio dos livros com receitas descobri este intitulado “As minhas receitas”. Em baixo “São José” penso que nos remeta para as oficinas gráficas de S. José.

O interessante deste caderno de receitas, de que desconheço a origem, é que foi muito bem planeado pela sua possuidora. Foi concebido para Receitas Regionais, o que, juntamente com a tipologia dos desenhos, nos remete para meados do século XX. As várias secções foram concebidas para ter um separador desenhado e aguarelado, embora haja um feito a lápis.

Mas não foi a própria que as fez e presumo que terá pedido a amigas ou familiares para fazer os desenhos, que têm assinaturas diferentes. As folhas não foram coladas posteriormente pelo que o caderno terá “viajado” pelas diferentes mãos. Este processo demorado explica que tenham faltado desenhos paras duas secções finais, que têm um papel indicativo no local, com o título: Doces e Bolos.

Possivelmente por isso o livro está completamente virgem e não possui uma única receita. O que até não é mau, porque cadernos de receitas há muitos e, neste caso, a dona devia ser uma esteta e não propriamente uma boa dona de casa.  Um daqueles casos em que a forma se sobrepôs ao conteúdo.

quinta-feira, 18 de maio de 2023

Feliz 5ª Feira de Espiga



Cumpre-se a tradição. Rei morto, rei posto. Um novo ramo vem substituir o anterior que guardei durante todo o ano.

Mais caro, claro, mais pequeno e mais feio. É o preço de manter a tradição e isso tem muito mais valor.

Feliz Dia de Espiga.

quarta-feira, 10 de maio de 2023

Prémio "Gourmand Awards" 2023

 

A internet é uma fonte de surpresas. Ao pesquisar um outro assunto, de que darei notícias proximamente, descobri que o meu livro Cadernos do Dominguizo, tinha ganho um prémio Gourmand, neste ano. Não fui informada e não faço ideia se a atribuição foi recente.

O prémio, que é distribuído por países, foi incluído na categoria “Best Culinary History Book”.

Uma excelente notícia nestes dias difíceis, em que publicar um livro é para mim uma aventura contra todas as adversidades. Lê-se pouco neste país e as preferências, neste campo, vão sempre para a culinária. Temas em que se entra na História da Alimentação ainda estão por descobrir e são apenas do interesse de uma minoria. Esperemos melhores dias.

sábado, 6 de maio de 2023

O Dia da Mãe em 1962

Recuamos ao ano de 1962 quando o dia da Mãe era ainda a 8 de Dezembro.

Foi assim durante toda a minha infância e adolescência. Era uma data que não esquecíamos, fomentada pelo ensinamento nas escolas.  Faziam-se cartões ou outros presentes ou comprava-se, com o dinheiro amealhado das semanadas, prendas simples.  Lembro-me de quando apareceram as flores em plástico (uma inovação que achávamos maravilhosa) de ter comprado um ramo para oferecer à minha mãe.

Depois, em data que não recordo, a própria Igreja decidiu mudar o dia, para não coincidir com o de Nª Sª da Conceição. Um absurdo que veio a diluir a data. Eu nunca mais soube quando era e tal como eu muitas pessoas, que esqueceram o dia.

Hoje é inacreditável o número de acontecimentos que se comemoram num único dia. É que o ano só tem 365 dias e todos os dias são atribuídas novas comemorações. Ainda há pouco tempo me deparei com o Dia da Asma, juntamente com a comemoração de outra doença, e provavelmente de um santo e mais alguma coisa que acabaram de inventar.

Bem, isto apenas para mostrar esta carteira de plástico da Mocidade Portuguesa, oferecida aos jovens em 8 de Dezembro de 1968. Ao abrir-se, podia observar-se do lado direito uma placa em alumínio, com o emblema da Mocidade esmaltado, onde se observa a mãe, o filho e, em plano de fundo, uma imagem de  Nª Sª da Conceição.

Do lado esquerdo uma janela de plástico transparente permitia ver a fotografia do jovem fardado da Mocidade, que fazia esta oferta à sua mãe. Por baixo podia ler-se uma frase de agradecimento à mesma, pedindo-lhe a sua bênção.

Um presente que implicava uma certa preparação e que transmitia uma ideia de um mundo perfeito, como se pretendia durante o Estado Novo.