Tenho um bom
arquivo de ementas que guardo por temas. Algumas têm interesse pelo aspecto
gráfico, outras pela sequência de pratos e outras ainda, as comemorativas, podem
ser valorizadas de acordo com o motivo ou quando têm uma história associada.
Foi o caso da que agora se apresenta e que nos mostra como, às vezes, o mundo é
pequeno.
O meu amigo
Pedro ofereceu-me uma ementa de um almoço de homenagem a Noel Perdigão. Datada
de 12 de Março de 1944 teve lugar na Casa do Ribatejo. Olhei para ela e pensei:
“Este nome diz-me qualquer coisa. Já me passou pelas mãos algum tipo de
informação”. Como tinha estado a fazer recortes (que eu guardo por temas) de
umas revistas antigas que se encontravam deterioradas, pensei que devia ser
daí.
Depois de uma
longa procura, uma vez que todo o material relacionado com esta figura, não estava
ainda arquivado acabei por encontrar uma pasta onde se encontrava um jornal Vida
Ribatejana, de 21 de Janeiro de 1977, dando a notícia da morte de Noel
Perdigão com 81 anos, com pormenores sobre a sua vida e agradecimentos à sua vasta
colaboração nesse jornal.
Já em 1955 a Vida Ribatejana havia publicado
um artigo de duas páginas sobre este artista com o subtítulo “Pintor Ribatejano”.
Elogiando a sua acção mostrava várias obras da sua autoria.
Para além da
sua obra artística como pintor e desenhador, fica-nos a ideia de alguém que era
apreciado pelos seus colegas. No mesmo lote consta uma capilha com uns versos a
ele dedicados por ocasião da sua mudança de jornal para um outro e que aqui se
mostra. Assinado por vários colegas, os versos recorrem aos vários jornais da
época, cujos títulos são enquadrados na métrica. Permito-me pensar que poderia
existir outra ementa deste dia, sabendo bem como são os portugueses nas
despedidas… Mas essa não apareceu.
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Noel Perdigão ao centro |
Mas o mais
interessante é que possuo as fotos, em álbum e avulsas, que cobrem a vida de Noel
Perdigão. Compradas noutro local vieram juntar-se à ementa e completar uma
história. Situações destas não são raras quando é vendido um espólio a várias
pessoas. O que é raro é juntar dados dispersos de uma vida, completá-los e
valorizá-los. E isso é o que eu faço quase todos os dias.