quinta-feira, 30 de março de 2023

LAVALAR para a roupa

 

Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial o número de detergentes, então baixo, aumentou progressivamente.

Não encontrei registo do Lavalar em Portugal, mas em 1955 era regularmente publicitado no jornal Diário Popular. Competia então com o OMO e outros detergentes, pelo que era indispensável a publicidade. O Radio Clube Português teve mesmo um programa patrocinado por esta marca, designado “Fim de semana Lavalar”.

As garrafas com riscas onduladas em vidro, tinham também o rótulo em vidro, como se pode ver neste exemplo. Apresentavam-se em dois tamanhos, porque tenho os dois modelos, mas apenas encontrei a foto de um. Eram entregues para receber o valor das mesmas, por isso é natural que não se encontrem muito frequentemente. Foi o achado de um vale com desconto de 1$20 escudos e com cupões para concorrer a dois concursos que me fez lembrar das embalagens e associar tudo.

Para além do concurso, que habilitava o comprador a um aparelho de televisão, uma modernice na época, era ainda possível conseguir uma embalagem de plástico, com tampas de várias cores, para guardar na cozinha os géneros de mercearia.

O grafismo da publicidade era muito atraente e num dos anúncios de jornal pareceu-me ter visto as iniciais do Oskar Lobo. Ah! E além disso não estragava as mãos. Tinha tudo para ser um sucesso, mas a concorrência era então grande e não sei quanto tempo veio a  permaneceu no mercado.



terça-feira, 21 de março de 2023

A Marmelada de Odivelas

 

Não há muito a dizer sobre esta canção escrita por Artur Lobo de Campos (1884-1949), que foi professor, poeta e oficial do exército. Era amigo de Afonso Lopes Vieira, com quem se escreveu abundantemente e o seu nome aparece ligado a várias actividades culturais.

Foi ele o autor da letra desta cantiga em que se enaltece a Marmelada de Odivelas e que aparece num papel destinado a divulgar a mesma. Quanto à autoria da música ficou a dever-se a Tomás Vaz de Borba (1867-1950) que foi um sacerdote católico, músico, compositor e professor.

Poderá ter sido nesta última actividade que se conheceram e decidiram fazer esta canção destinada a apoiar a Banda dos Bombeiros Voluntários de Odivelas.

Embora não esteja datada, é provável que seja da década de 1940, atendendo aos registos biográficos de ambos.

A Marmelada de Odivelas merece.

domingo, 12 de março de 2023

Five O'clock Tea

 

Não resisti a este pequeno livrinho publicitário da Omega, editado em 1912. O título, muito apelativo para este blogue, transforma-se na verdade numa história de fadas adaptada a uma realidade moderna que nos enfatiza a força da publicidade e nos afasta do tema.

O livreto publicitário intitulado Five O'clock Tea foi escrito em francês por Jean Richepin (1849-1926), um prolixo autor e ilustrado por Maurice Lalau (1881-1961), com um apuro estético belíssimo.   

Conta-nos uma história cujos protagonistas são a pequena Didi e o gnomo Exacto. Pelo meio entra a figura do médico de família que aconselha a avó da pequena Didi que, enfeitiçada pelos contos de fadas, as deseja ver. Queixando-se de que estas figuras só apareciam quando ela estava a dormir combinam um chá (five o' clock tea).


O médico fala-lhe no progresso e de como os gnomos as representam, em especial um gnomo novo que diz as horas exactas. Criando um ambiente feérico, com fumos e luzes, apresenta o coração do gnomo, um coração em metal. E a pequena Didi acreditava ver todos as personagens que povoavam os contos dos seus sonhos, no seu five o’clok tea, presentes à hora marcada.

Intervalando a história surgem folhas com imagens dos belos relógios e, no final, uma representação da fábrica Omega. Destinado a ser distribuído pelos vendedores da marca mostra-nos como a publicidade era abordada no início do século passado. Mais uma forma de vender sonhos, para crianças e adultos!

 

sábado, 4 de março de 2023

Das coisas simples 03: Papel de embrulho

 

Foi há vários anos atrás que me comecei a interessar por papel de embrulho. A primeira vez que olhei para um foi nas Caldas da Rainha, numa pastelaria antiga que hoje já não existe. Vendiam cavacas e outros doces regionais e valia a pena lá ir. Acabava-se sempre por trazer um pacote que, na altura era ainda embrulhado em papel. Com o fundo branco, apresentava o nome de estabelecimento, entremeado com quadrados onde alternava a imagem de um menino e de uma menina. Perguntei o significado e o dono explicou-me que tinha sido o pai que tinha introduzido a fotografia do filho, ele próprio, agora à frente do negócio, enquanto a menina era a imagem da irmã.

Fiquei encantada, pedi uma meia folha à parte e comecei assim a minha colecção (?) de papéis de embrulho. Tenho vários temas mas os meus preferidos são os papéis de pastelaria.

Este, que agora apresento, vinha a embrulhar umas peças de louça compradas numa feira. Muito amarrotado, apresentava rasgões e pedaços de fita cola antiga. Foi endireitado, passado a ferro, retirada a fita cola e restaurado com fita apropriada. Tal como eu faço com outros documentos.

Também tem direito à vida. E cá está ele todo contente e bonito. Não é o mais vistoso dos papéis, mas corresponde a uma época, anos 50-60 em que eram muito frequentes imagens do país, das regiões e dos costumes.

Voltarei ao tema.