Foi assim durante toda a minha
infância e adolescência. Era uma data que não esquecíamos, fomentada pelo
ensinamento nas escolas. Faziam-se
cartões ou outros presentes ou comprava-se, com o dinheiro amealhado das
semanadas, prendas simples. Lembro-me de
quando apareceram as flores em plástico (uma inovação que achávamos maravilhosa)
de ter comprado um ramo para oferecer à minha mãe.
Depois, em data que não
recordo, a própria Igreja decidiu mudar o dia, para não coincidir com o de Nª
Sª da Conceição. Um absurdo que veio a diluir a data. Eu nunca mais soube
quando era e tal como eu muitas pessoas, que esqueceram o dia.
Hoje é inacreditável o número
de acontecimentos que se comemoram num único dia. É que o ano só tem 365 dias e
todos os dias são atribuídas novas comemorações. Ainda há pouco tempo me
deparei com o Dia da Asma, juntamente com a comemoração de outra doença, e
provavelmente de um santo e mais alguma coisa que acabaram de inventar.
Bem, isto apenas para mostrar
esta carteira de plástico da Mocidade Portuguesa, oferecida aos jovens em 8 de
Dezembro de 1968. Ao abrir-se, podia observar-se do lado direito uma placa em
alumínio, com o emblema da Mocidade esmaltado, onde se observa a mãe, o filho
e, em plano de fundo, uma imagem de Nª Sª da Conceição.
Do lado esquerdo uma janela de
plástico transparente permitia ver a fotografia do jovem fardado da Mocidade,
que fazia esta oferta à sua mãe. Por baixo podia ler-se uma frase de
agradecimento à mesma, pedindo-lhe a sua bênção.
Um presente que implicava uma
certa preparação e que transmitia uma ideia de um mundo perfeito, como se
pretendia durante o Estado Novo.