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domingo, 10 de setembro de 2017

Chávenas há muitas

Tal como dizia Vasco Santana na célebre cena do filme A Canção de Lisboa: «chapéus há muitos…», também há muitas chávenas.
Existem de todos os tamanhos e formatos, com maior ou menor riqueza consoante o material de que são feitas e o tipo de pintura. Perante esta diversidade dizer que esta é a mais bonita parece difícil, mas é irresistível pensá-lo. Olhando para ela achei-a de imediato lindíssima. É uma chávena de café, de dimensões um pouco avantajadas para os nossos conceitos de hoje, em que bebemos sobretudo “bicas”.
De contorno gomado é acompanhada por um pires polilobado com várias flores pintadas à mão, todas diferentes. No prato conto oito flores, de várias cores, intercaladas por raminhos que se encontram também no exterior da chávena. No interior desta encontra-se uma flor no fundo e vários raminhos. A toda a volta do rebordo da chávena e da asa, bem como no contorno do pires, foram desenhados pequenos risquinhos de uma simetria e igualdade espantosa.
Infelizmente é apenas uma porque gostaria de comparar com as restantes, que certamente a acompanhavam, e ver como o artista repetiu esta pintura delicada.
No fundo da chávena e do pires pode ver-se o carimbo da Fábrica do Carvalhinho e as frases «Pintado à mão» e «made in Portugal». Não tenho nenhum catálogo da louça do Carvalhinho mas seguramente que esta peça é de cerca de 1950. 
A fábrica do Porto, com início em 1840, começou por fazer sobretudo azulejos. Em 1923 passou para Vila Nova de Gaia para a Quinta do Arco do Prado, com umas extensas instalações de que só sobraram ruínas. Entre 1923 e 1961 esteve ligada à Fábrica de louça de Sacavém e acabou por fechar após o 25 de abril de 1975 (década de 80?).
Foto tirada do blog Ruin'Arte
O que me atrai nas peças desta Fábrica é a sua portugalidade (não me peçam para explicar). Noutro poste falarei de histórias relacionadas com outras peças que fui adquirindo para justificar este meu gosto. Por hoje fico-me apenas com a apresentação da "mais bela chávena" de café, que me faz repousar o meu olhar. 
Espero que as imagens sejam convicentes, se o texto o não tiver sido.