domingo, 20 de junho de 2021

Clafoutis de ameixas frescas

O clafoutis mais famoso é sem dúvida o de cerejas. Apreendi-o a fazer através de uma receita que vinha numas fichas culinárias da revista Elle, dos anos 70. Coleccionei essas fichas recortáveis com várias cores que permitiam diferenciar os diferentes tipos de pratos: doces; ovos, peixes, carnes, etc.

Eram receitas preferencialmente francesas, como seria de esperar, quase sempre de grande qualidade e fáceis de executar. Com o tempo surgiram repetições e variantes menos entusiasmantes.

Aprendi nessa altura a fazer o clafoutis de cereja que era sempre um sucesso, mas entretanto perdi o rasto das receitas que havia arquivado numa caixa que guardei bem demais.

Depois disso passei a fazer outras receitas que encontrava, mas nenhuma me agradou tanto como a inicial. Agora que apareceram consegui identificar nas várias receitas de clafoutis a minha receita de aprendizagem.

Desta vez, em substituição das cerejas usei umas pequenas ameixas que uma minha vizinha me ofereceu e só falta agora a prova.

Este doce simples precisa de poucos cuidados até porque se devem manter os caroços da fruta para intensificar o sabor. No Inverno costumo fazer com ameixas secas demolhadas e fica também muito bom com physalis.

Pode ser comido assim simples, à fatia, com natas batidas ou com uma colher do menos energético iogurte grego. Fica óptimo.

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Nota: O tempo de cozedura não necesita de ser tão longo. Não esquecer de polvilhar com açúcar, já no forno, porque a quantidade deste na massa é minima.

quarta-feira, 9 de junho de 2021

O meu encontro (tardio) com Azinhal Abelho

Para quem, como eu, recebia catálogos de livros antigos, espécie desaparecida nos últimos anos, o nome de Azinhal Abelho era-me familiar. Quase todos eles começavam com os livros de ABELHO, Azinhal. Ter os dois nomes começados por A garantia-lhe inevitavelmente o primeiro lugar, em especial quando no apelido o A era seguido por um B. Imbatível em termos de ordem alfabética.

Confesso contudo que nunca cheguei a comprar nenhum dos seus livros porque existiam sempre outras prioridades. Mas a presença constante do seu nome provocava-me sempre um sorriso.

Eis senão quando chegaram cá a casa várias das suas obras. Finalmente Azinhal Abelho passava a ter um lugar no meio dos meus livros. Inacreditavelmente a primeira obra a chegar perdeu-se num dos montes e ainda não o consegui reencontrar. Mas estes são suficientes para lhes contar esta história.

Procurei finalmente saber quem era este autor. Joaquim Azinhal Abelho nasceu na Orada, freguesia de Borba, em 1911, e faleceu em Lisboa, em 1979.

Foi escritor, poeta, investigador de Etnologia Rural, com foco sobretudo no Alentejo e esteve ligado ao teatro, para o qual escreveu Glória ao Deus Menino, em 1965 e Teatro Popular Português, uma antologia em sete volumes, 1968-1973.

Não vou enumerar a sua obra que perfaz, em prosa e verso, mais de 20 títulos, mas posso acrescentar que a sua forma de escrever foi uma agradável surpresa.

Não é isto uma crítica literária, nem o saberia fazer, é apenas uma história de um feliz reencontro com um autor, tantos anos depois de conhecer o seu nome.