terça-feira, 20 de agosto de 2013

«Um homem que tinha o espírito de contradição»

Já anteriormente falei sobre a interessante publicidade da firma Vacuum Oil no nosso país. Este empresa americana de petróleo, instalada em Portugal em 1896, associou-se depois à Standard Oil, vindo a dar a Mobil.
Durante o período que esteve representada em Portugal recorreu a ilustradores famosos como Emmérico Nunes que, em 1926, como o próprio afirmou ”se viu obrigado a aceitar um lugar de desenhador na secção de publicidade da Vacuum”, onde se manteve até 1931.
Esta pequena história não é, contudo, da sua autoria. O desenho está assinado MC que, espero, alguém venha a identificar, porque eu desconheço a quem se refere. 
Em geito de banda desenhada, foi publicada em 1941 no «Boletim Oficial das Juntas de Freguesia de Lisboa» que, no número comemorativo do XV aniversário da Revolução Nacional, trazia a fotografia de Oliveira Salazar na capa. 
Intitulada «Um homem que tinha o espírito de contradição» relata-nos as conversas entre Sebastião e a sua mulher Ester sobre a aquisição de um fogareiro Vacuum. Renintente na sua aquisição, Sebastião vai acabar por ceder, presume-se, de acordo com a evolução da história.
Quando, inesperadamente, chega a sua casa um grupo de familiares vindos da província D. Ester fica em pânico pensando no tempo que ia levar a acender o fogão. Mas a refeição chega rápida à mesa e tudo corre maravilhosamente. Sebastião considera o feito um milagre mas a mulher explica que tal só foi possível graças ao fogareiro Vacuum da vizinha. Fim da história, mas adivinha-se o seguimento. 
O mais interessante é que a Vacuum Oil nunca produziu fogões uma vez que era um empresa de comercialização de petróleo e lubrificantes (1). Um dos modelos dos seus fogareiros foi identificado por um coleccionador estrangeiro como sendo da Hipólito. Os fogareiros da Vacuum começaram por ser produzidos pela empresa Radius da Suécia. 
Mas outros modelos, em especial o “Sunflower” foram provavelmente feitos pela Hipólito. Parece-me verosímil dadas as semelhanças com os modelos da fábrica de Torres Vedras. 
Um aspecto interessante para futuro esclarecimento, quando nos dedicarmos a esta empresa. Entretanto, como são ainda vivos alguns dos trabalhadores dessa firma, que encerrou em 1999, pode ser que algum deles leia este poste e nos acrescente informação.
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(1) O 1º registo da Vacuum em Portugal foi feito em Outubro de 1906 e destinava-se a produtos da classe 4 (óleos e gorduras industriais), tendo sido feito pela Exxon Mobil Corporation. Não encontrei qualquer registo de fogareiro, tal como não surge nos Anuários Comerciais do início do século XX nos produtores de fogões. A Vacuum é referida como comercializando gasolina e lubrificantes.

3 comentários:

Letra disse...

O autor é Mário Costa que durante muitos anos foi
funcionário da Mobil.
Carlos Rocha

Letra disse...

O autor é Mário Costa que durante muitos anos foi
funcionário da Mobil.
Carlos Rocha

Ana Marques Pereira disse...

Carlos Rocha,
Tem razão e agradeço a informação.
Realmente no último vêem-se as iniciais MC.
Cumprimentos