O nome completo do folheto é Tábuas do tempo necessário para digerir as comidas usuais, numa referência ao tempo de digestão dos vários alimentos.
Publicado pelo Instituto Pasteur de Lisboa (IPL),
destinava-se, como se afirma na contra-capa, aos que “queriam regular racionalmente as suas refeições”.
O IPL foi fundado em 1895 por
Virgínio Leitão Vieira dos Santos (1873-1946) ocupando inicialmente um modesto
espaço na Praça Luís de Camões. Mudou, em 1903, para a Rua Nova do Almada onde
se manteve até 1958. Nesse ano foram inauguradas as novas e modernas instalações
do IPL na Avenida Marechal Gomes da Costa, num edifício construído para o
efeito projectado pelo arquitecto Carlos Manuel de Oliveira Ramos e que lhe
valeria o Prémio Valmor.
Numa fase inicial a empresa
dedicou-se à importação de soros e vacinas, produzidas pelo Instituto Pasteur
de Paris. Mas embora não datado, este folheto renete-nos para o período
intermédio, na Rua Nova do Almada, já com um grande desenvolvimento e
laboratórios em acção, com produção própria.
Num artigo dedicado a esta
empresa, publicado na revista Panorama
em Setembro de 1941, podia ler-se: “Merece, finalmente, destacada referência a Secção
de propaganda que tem chamado a si a colaboração de alguns dos melhores
artistas gráficos, decoradores e fotógrafos do País, para os arranjos dos
interiores e das montras, a realização dos cartazes e, também, das maquetes das
embalagens, cujo bom gosto contribuiu para gue centenas de milhares de
portugueses e estrangeiros prefiram as especialidades desta importante e
modelar organização industrial.”
É extensa a citação mas vem a
propósito salientar o grafismo das embalagens de medicamentos produzidos e as
campanhas publicitárias destinadas a pessoal da área da saúde e à população em
geral.
Como podemos constatar no
final do folheto está presente a rubrica de Fred Kaldolfer (1903-1968), pintor
e importante artista gráfico que a partir de 1927, passa a trabalhar sob
encomenda para o Instituto Pasteur.
Cada uma das folhas do folheto
encontra-se quase totalmente ocupada por uma imagem alusiva, em que ao texto se
adiciona o tempo necessário para realizar a digestão daquele alimento.
Mas se a beleza das imagens
nos toca, chama-nos à atenção como na base deste conceito terá estado alguma obra
estrangeira porque alguns dos alimentos referidos não eram à data consumidos ou,
pelo menos, não estavam divulgados em Portugal.
Vejamos os casos das maçãs
azedas cruas; da couve crua; do leite-creme no forno; das ostras cruas ou
estufadas; dos ovos quentes; da cenoura branca ou do salmão salgado cozido. Nada que perturbe a
compreensão do texto, ou a apreciação das imagens. Não serve é como base para a
História da Alimentação em Portugal.
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