O toucinho-do-céu, tal como as
tortas de Guimarães, são doces tradicionais de Guimarães. Originalmente fabricados
pelas religiosas do Convento de Santa Clara, após o seu encerramento as receitas
viriam a ser herdadas pela Casa Costinhas que continua a produzi-los seguindo as
técnicas tradicionais.
Em várias regiões do país
encontramos um doce com esta designação. Mencionamos o de Murça, o de Amarante,
o algarvio e o alentejano e o do Convento de Odivelas, como sendo os mais
conhecidos. As receitas variam um pouco mas fundamentalmente são doces feitos
com ovos, miolo de amêndoa pelada, açúcar e apresentam-se com a forma de um
queijo redondo achatado. As quantidades variam consoante as receitas, mesmo numa
determinada região, podem levar um pouco de farinha e a receita alentejana
inclui uma pitada de cravinho-da-Índia em pó e de canela.
Quanto à receita de
Guimarães a quantidade de amêndoa é menor e esta é substituída por abóbora chila,
enquanto antigamente era feita com calondro, segundo nos informa Isabel Maria Fernandes
no livro Doçaria Tradicional Vimaranense.
Também segundo a mesma autora era um doce muito apreciado na Páscoa. Hoje
come-se todo o ano mas é sobretudo apreciado no Natal.
Caixa antiga em madeira forrada a papel da Casa Costinhas |
Na minha última visita a
Guimarães não resisti e comprei uma caixa com o belo do doce. Belo porque é
apresentado em caixa de cartão, neste caso octagonal, decorada com papel de
lustro recortado e flores no mesmo material e fios dourados. Logo esta decoração
nos remete para o universo conventual onde a arte do papel recortado era
executada com mestria. Há alguns anos atrás, quando ainda desconhecia este
doce, adquiri-o por encantamento pela sua apresentação. Não me arrependi tal
como hoje. É um doce compacto menos enjoativo do que os outros toucinhos-do-céu
por ter um predomínio de doce de chila, que o torna mais húmido e extremamente
agradável.
A Casa Costinhas deve o seu
nome a três irmãs com esse apelido: Adelina Ribeiro Costa, Maria José Costa e
Maria Costa, que aprenderam a receita no Convento da Clarissas vimaranense. À frente
da loja está hoje uma das suas sobrinhas, Maria Elvira Silva Ribeiro e sua filha.
Foi com uma das tias que, após o encerramento do convento em 1910, passou para
a vida civil que Maria Elvira, conhecida na cidade por Birinha, aprendeu a
fazer estes doces. Fiel a esses ensinamentos tem seguido a tradição, onde se
inclui o uso dos papéis recortados, que tanto me encantam.
Florinhas de papel recortado da Casa Costinhas |
Falei com ela mas infelizmente
quando a quis fotografar já havia recolhido à cozinha e, segundo a filha, estava
enfarinhada e não mostrou qualquer vontade em regressar.
Vitrine com cesto com flores de açúcar. |
As fotografias que se
mostram forma tiradas de uma pequena vitrine no interior da loja.
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