terça-feira, 19 de outubro de 2010

Reencontro com o Pirolito

Volto hoje ao tema do pirolito. O meu post anterior sobre este assunto foi o que desencadeou uma maior participação das pessoas, prova de que se trata de uma bebida que ficou no imaginário de quem a conheceu.

Não teria muito a acrescentar, depois dos múltiplos comentários que o foram completando, se não me tivesse deparado com um lote de partituras de música, duas das quais relativas ao pirolito.
A primeira, chamada «O Pirolito» é uma “one-step canção” com letra e música de Rui Marcelo e o autor incluiu-a sob o título geral «As danças e couplets da moda».
Trata-se de um partitura para piano de que passo a transcrever a inacreditável letra.

É de laranja, é de morango,
Sabe a ananás, sabe a limão,
O pirolito bem pobresito,
Q’era o champagne a meio tostão!

A garrafinha tem no gargalo
Uma bolinha
Que dá um estalo.

Algo gasoso,
Não espumoso
Espirra quando a rolha cai
E faz assim: pff... lá vai!

Ai pirolito que és tão bonito
Mas teu sabor não vai além d’água choca!
Era droguista cabeça oca
Quem t’ inventou e temperou tão à matroca.

Desde o bufete da filarmónica
Até às bancas dos arraiais,
P’lo tempo calmo, lá nas aldeias
Deste licor é que há mais.

Dantes havia, pai do filhinho,
A limonada do cavalinho,
Nada gasosa nem espumosa,
C’um canudinho aboiar
P’ró comprador (pff...) chupar.

Ai pirolito, etc.
A segunda partitura para piano e canto tem letra de Pedro Bandeira e Álvaro Leal e música de Raul Ferrão. Trata-se da canção «A Cantarinha», one step da revista «Pirolito», uma criação da actriz Filomena Lima.
Este tema fazia parte dos grandes sucessos do “Salão Foz”. Trata-se de uma referência ao pequeno cinema situado na parte lateral do Palácio Foz. Tinha sido inaugurado em 1907 e funcionou até 29 de Fevereiro de 1929, tendo sido destruído por um incêndio. Pertencia a Raul Lopes Freire, importador e distribuidor de filmes, que anteriormente já tinha tido um animatógrafo na Rua Nova do Almada, chamado "Salão Chiado", e que encerrou em meados de 1908.
A menção à revista «Pirolito» como se tratando de um sucesso do “Salão Foz” mostra que, para além de cinema, havia nesse local também outro tipo de representações.
Apesar de lhes apresentar as duas partituras juntas penso que não havia qualquer relação entre elas. O interessante é que se trata de duas expressões musicais sobre o mesmo tema, o pirolito, que servem para demonstrar a popularidade que esta bebida tinha na época.

3 comentários:

Carlos Caria disse...

Sim o Pirolito, foi uma das bebidas mais populares, por ser de um preço módico, e havia fábrico em todo o lado. Havia nas colectividades de cultura e recreio durante os bailaricos o habito de levar as meninas ao buffete para tomar um refrescante pirolito, isto pelo menos dentro de sala onde tudo era mais composto.

Anónimo disse...

Alguém me consegue arranjar esta música "O Pirolito"? É muito urgente

Ana Marques Pereira disse...

Anónimo,
Eu tenho-a. Tudo o que ponho no blog são objectos ou livros meus. As excepções têm sempre identificação da origem. Se quizer escreva para o endereço do blog.
garfadasonline@gmail.com