A vieira (Pectem maximus) esse molusco hermafrodita, escondido dentro de uma
concha com estrias radiais, com dimensões e estrutura tão atractiva, é entre
nós pouco apreciada.
Até há pouco tempo não se
comia em Portugal. A primeira vez que as experimentei foi nos Estados Unidos,
onde uns pequenos círculos brancos, que não sabiam a nada, eram frequentemente servidos
como entradas.
Entre nós esteve em moda, nos anos
70-80 servirem-se as suas conchas recheadas com várias misturas de
peixe ou marisco, envolvidas em molho e gratinadas no forno.
Ainda hoje guardo
as cascas onde eram servidas, embora existissem alternativas, como as conchas
em porcelana refractária usadas para o mesmo fim. Eram um sucesso garantido
apresentá-las no início do jantar. No entanto as vieiras não estavam lá, porque
pura e simplesmente não se conseguiam arranjar.
A receita no verso do postal |
Hoje são colhidas na Ria
Formosa, mas não se chegam ao mercado, porque não têm procura. Na maior parte das
vezes que as comemos em restaurantes é provável que sejam congeladas. Pelo
contrário os franceses consomem cerca de 2,5 Kg de vieras por habitante/ano, o
que obriga a que a sua pesca seja altamente regulamentada e vigiada.
Das várias receitas, são famosas
as vieiras «à la Bretonne», pescadas na Baia de Saint-Brieuc e feitas de acordo
com a receita que este postal apresenta. Datado de 1946 faz parte de uma série
de pratos regionais e para os autores da série era de tal modo evidente a sua
origem que se limitam a chamar à receita Coquilles
St. Jacques. Os trajes da cozinheira e do sorridente jovem que a espreita à
janela, provavelmente o fornecedor das mesmas, denunciam contudo a sua origem. A
sua fama perpetua-se mesmo nos produtos comercializados que mantém a
designação.
Bom apetite!.
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