No último feriado fui à quinta
de uma amiga onde andámos a colher favas e ervilhas. No meio das ervilhas encontramos
uma planta semelhante à salsa, mas mais alta e viçosa. Por sorte perguntámos à pessoa
responsável pela horta que planta era aquela. Explicou-nos que se tratava de
«rabaça ou arrabaça» uma planta venenosa. Contou-nos o caso de dois jovens que,
em 2018, tinham ido fazer um percurso na região de Santarém e que comeram estas
plantas. Partilharam nas redes sociais que estavam a viver de plantas e raízes.
A toxicidade rapidamente se fez sentir e quando os meios de socorro chegaram já
os encontraram mortos.
Fiz uma pesquisa na internet e
descobri um outro caso mortal com várias vacas que, no Alentejo, em 2017,
morreram por comer as raízes. Os animais evitam estas plantas, mas nesse ano
foi um ano de seca pelo que, depois de comerem as folhas, passaram para as raízes
e morreram rapidamente. Na realidade as raízes são fortemente venenosas devido
à presença de Enantetoxina. Antigamente as pessoas usavam-nas para pescar no
rio, apanhando depois o peixe que morria e vinha ao cimo da água.
Achei que devia falar sobre a
Rabaça por várias razões, mas a principal é que me espantou a minha ignorância
sobre esta planta de crescimento tão frequente em Portugal. Penso que não estou
sozinha nesta falta de conhecimento, pelo que seria bom partilhar esta
informação. Existe um medo generalizado dos cogumelos selvagens, mas sobre as
ervas venenosas (não apenas tóxicas) e as flores que têm também estas
características ninguém fala. Com a mania dos citadinos de brincarem aos camponeses
não será de espantar que mais casos destes possam vir a suceder.
Tanto mais que no Alentejo
existe uma planta comestível que se chama Rabaça ou Arrabaça (Apium nodiflorum L.), mas que nada tem
a ver com esta. Portanto não comam plantas ou flores que não conhecem. Não
digam que não os avisei!
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PS: Como não contava falar sobre este assunto não fotografei a planta, pelo que todas as imagens foram tiradas da internet.
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