No final do século XIX as
sopas enlatadas faziam o seu aparecimento comercial. É verdade que foram
precedidas pelos trabalhos sobre conservação dos alimentos em vácuo levados a
cabo por Nicolas Appert, em França, feitos a aprtir de 1790. Mas então os alimentos
apresentavam-se em frascos.
Ladies Home Journal 1923 |
Em 1810 o inglês Peter
Durand registou um novo método de conservação em latas seladas que iria
modificar a industria alimentar. Nas décadas seguintes o método chegaria à colónia
inglesa australiana e aos Estados Unidos.
Em Portugal a fábrica a
vapor de José da Conceição Guerra, fundada em 1894 em Elvas, produzia sopa
juliana e afirmava ser então a única em Portugal. Esta firma, mais conhecida
pela produção e comercialização de frutas, em especial a ameixa de Elvas,
apresentou uma grande variedade de embalagens, mas no que respeita às
destinadas a sopa nunca vi nenhuma e desconheço de que material seriam feitas.
Nos Estados Unidos, em 1897,
John T. Dorrance, um químico que havia estado na Europa, inventou a sopa
condensada para a Companhia de Sopa Campbell, em que após a adição de água era
possível obter rapidamente uma sopa. Esta empresa, que também era conhecida de
forma abreviada por Campbell's, havia sido fundada um ano antes por Joseph A.
Campbell e Abraham Anderson, para produzirem vários tipos de alimentos
enlatados. Em 1898 os rótulos das latas, por sugestão de Herberton Williams,
passaram a apresentar-se nas cores encarnado e branco que as tornariam famosas.
A publicidade em revistas
americanas das décadas seguintes mostram-nos donas de casa felizes a darem
essas sopas aos seus filhos, representados com rostos risonhos.
A cultura americana, conhecida pelo pouco apreço
pela comida caseira, rapidamente adaptou este produto industrial, a par de
muitos outros e transformou-o num sucesso.
Na década de 1940 surge uma
nova campanha publicitária às sopas Campbell's agora dirigidas a homens, a fazer
lembrar-nos aquele anuncio a um bacalhau pré-peparado, vendido em Portugal nos anos
70-80, cuja embalagem dizia «destinado a homens temporariamente sós».
É provável que Andy Warhol
fosse um apreciador do paladar das ditas sopas. Era-o pelo menos da estética
das suas embalagens. E em 1962 utiliza a representação monótona, repetitiva, mas
igualmente variada, das 32 das variedades de sopa existentes e reproduz o
conjunto em serigrafia, numa manifestação de pop art.
Ainda na década de 1960 e
nos anos de 1970 retomaria este tema, em cores variadas, que a própria fábrica,
com sentido de oportunidade, viria a comercializar mais tarde em edição
limitada.
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