sábado, 9 de março de 2013

O «Queijo Pastor», o antecessor do «Limiano»

Este belo cartaz (antigo calendário?) data de janeiro de 1953 e foi feito pela Lacto Lusa Lda. como publicidade ao queijo Pastor. Esta empresa começou em 1941 e os seus primeiros gerentes foram Francisco da Costa Leite e Américo Tavares da Silva. Contudo o registo do nome Lacto-Lusa Lda só foi publicado em 1948.


A fábrica ficava situada em Vale de Cambra e no início dedicava-se à produção de manteiga, da marca Lusa. Esta produção tinha como base o facto de a região ser rica em pastagens e de nela existir uma importante criação de gado para a produção de leite.
Foi em 1947 que a fábrica começou a produzir os queijos das marcas «Pastor» (tipo flamengo), «Belo Luso» tipo (Bell Paesse) e «Pastorinho». A produção do Queijo Limiano foi mais tardia e deveu-se a Américo Tavares da Silva que foi o responsável pelo início da sua produção em 1959. Uma outra marca de queijo a «Camponesa», não foi registada inicialmente e desconheço a sua data de início de produção.
No final dos anos 50 a Lacto-Lusa de Vale de Cambra extendeu-se a Ponte de Lima, tendo-se juntado a pequenos produtores de queijo locais. Em 1957 criou-se a Lacto-Lima e a Lacto-Açoreana, das quais a Lacto-Lusa era sócia maioritária. A Lacto-Lusa foi transformada em sociedade anónima em 1987, integrando as sociedades Lacto-Lima e Lacto Açoreana.
Em 1994 era criado o Grupo Lacto Ibérica S.A., como resultado da aquisição e fusão de 7 empresas. Com sede social na Ilha de S. Miguel, nos Açores, o grupo ficou distribuído por 8 locais, dos quais 4 são unidades fabris.
A Lacto-Ibérica, foi comprada em Janeiro de 2004, pelo grupo francês Bel, passando a constituir a Bel Portugal. Incorporou diferentes empresas de lacticínios como a Lacto Lusa, S.A, a Lacto Lima, S.A., a Lacto Açoreana, S.A., a Agrolactea, a Produtos Alimentares, Lda e a Lacticínios Loreto.
Funciona em Portugal com três fábricas: uma em Vale de Cambra, e duas nos Açores, na Ribeira Grande e em Covoada. É na unidade fabril da Ribeira Grande que são produzidos os queijos Terra Nostra e a manteiga Loreto. Em Vale de Cambra continuam a ser feitos os seus dois mais importantes queijos: o Limiano e o Pastor.
Como se pode ver no cartaz de 1953 o queijo Pastor era um queijo tipo flamengo, em bola, forrado a cera vermelha, tal como os holandeses faziam para o seu queijo Edam destinado à exportação. No meio deste percurso perdeu as suas “vestes” a favor do queijo Limiano que se tornou o preferido. O queijo Pastor tranformou-se num queijo tipo prato, achatado e de casca amarela, onde no rótulo surge um pastor com as suas vacas, semelhante ao do registo de 1947 mas agora polícromo.
Sem as campanhas publicitárias que sempre acompanharam o seu sucessor o queijo Pastor sugere-nos um pai enjeitado pelo filho, mas na realidade corresponde apenas a uma estratégia comercial da empresa. Representa apenas mais um mistério insondável da publicidade.


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