Esta folha de bonecas recortáveis em cartolina era oferecida pela Farinha Láctea Nestlé no início do século XX. Em subtítulo surgia a explicação de que esta era «um alimento completo para crianças de peito e também para crianças em geral e para doentes padecendo do estômago».
Apesar disso as designadas bonecas suíssas Nestlé destinavam-se evidentemente às meninas e eram «a alegria das crianças e o descanso dos pais».
No reverso do cartão eram apresentadas mais informações sobre as vantagens desta farinha e o seu modo de preparação. Não é contudo sobre este produto que quero falar hoje, mas sobre a tipografia onde estas imagens foram impressas.
Ao olharmos para as imagens somos levados a pensar que o cartão podia ter vindo directamente da Suíça, mas na realidade foi feito em Lisboa na Tipografia da Papelaria Estevão Nunes. Este nome já me havia surgido com frequência durante a investigação para o livro «Mesa Real» uma vez que foi nesta tipografia que foram feitos muitos das ementas e cartões para concertos da Casa Real, durante os reinados de D. Luís e D. Carlos. Eram também da sua responsabilidade toda a variedade de cartões para convites assim como de planos de mesa destinados a estudar a posição dos convidados à mesa, antes dos banquetes.
Foi ainda no reinado de D. Luís que foi nomeado Fornecedor da Casa Real (18 de Julho de 1874)[1], título que, embora não incluísse qualquer obrigação de compra pela Casa Real, era um atestado de qualidade e distinção muito almejado pelas empresas na época.
Ao olharmos para as imagens somos levados a pensar que o cartão podia ter vindo directamente da Suíça, mas na realidade foi feito em Lisboa na Tipografia da Papelaria Estevão Nunes. Este nome já me havia surgido com frequência durante a investigação para o livro «Mesa Real» uma vez que foi nesta tipografia que foram feitos muitos das ementas e cartões para concertos da Casa Real, durante os reinados de D. Luís e D. Carlos. Eram também da sua responsabilidade toda a variedade de cartões para convites assim como de planos de mesa destinados a estudar a posição dos convidados à mesa, antes dos banquetes.
Foi ainda no reinado de D. Luís que foi nomeado Fornecedor da Casa Real (18 de Julho de 1874)[1], título que, embora não incluísse qualquer obrigação de compra pela Casa Real, era um atestado de qualidade e distinção muito almejado pelas empresas na época.
Neste cartão menciona-se um prémio ganho pela Farinha Nestlé na Exposição Internacional de Bruxelas em 1910, pelo que deve ser de data aproximada.
No livro Os Fornecedores da Casa Real (1821-1910)[2] o autor apresenta um cartão desta empresa, da sua colecção, onde se pode ver que Papelaria se situava na Rua do Ouro 56-60 e Rua da Conceição 131-137 em Lisboa, e que tinha a Tipografia na Rua da Assunção, 18-24 e Rua dos Douradores, 101-11. Aliás a forma habilidosa como se apresentam estes endereços levam, numa primeira leitura, a fazer-nos crer na existência de vários locais pertença da firma uma vez que as oficinas e a tipografia são apresentadas separadamente mas com a mesma morada.
Para além de serem fornecedores da Câmara Municipal de Lisboa, eram-no também de vários Bancos e companhias, como declaravam nesse mesmo cartão.
Imagem retirada do livro Os Fornecedores da Casa Real |
Tinham contudo uma outra actividade, a editorial. Das sua tipografia saíram títulos como As Progressões Dolivaes - Demonstração e sua applicações a uma serie de 2.500 numeros[3], da autoria de Sallustio de Souzel, em que o autor apresentava o «mundialmente famoso método Dolivaes para roletas de cassinos, criado por Dolivaes Nunes em Portugal», a Casa com duas portas é má de guardar, uma comédia em verso sobre a mocidade de D. Nuno Álvares[4], ou o relatório da comissão dos festejos na Rua Áurea apresentada aos subscritores no Tricentenário de Camões, feito pelos Thesoureiros da Comissão Estevão Nunes & F.os[5], entre outros.
Fica por aqui a conversa sobre esta empresa, cuja qualidade de trabalho já me havia surpreendido ao constatar que as ementas da sua responsabilidade, impressas no final do século XIX, em nada ficavam a dever às de origem francesa, consideradas paradigma da época.
2 comentários:
Ola Ana
As bonecas de papel levaram-me de volta a minha infância.
Vendiam-se nas tabacarias a 3 ou 5 tostões. Com a minha irmã passava largas horas a brincas as casinhas...que saudades.
Também não me e estranho o nome da Tipografia de Estavao Nunes. Tenho encontrado inúmeras facturas dessa casa onde indicam o tipo de material fornecido.
Inf
IF,
Depois disto vai ainda encontrar muitas mais, porque habitualmnete só vemos o que conhecemos. Um bj
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