O livro de Helena B. Sangirardi é um dos mais importantes livros brasileiros de culinária do século XX. Como sucesso, só o livro «Comer Bem», publicado sob o pseudónimo de Dona Benta, se lhe pode comparar.
O que primeiro me despertou à atenção no livro que possuo, a 4ª edição publicada em 1949, foi a dedicatória escrita por um primo brasileiro, ou a viver no Brasil, no Rio de Janeiro, à sua prima a viver em Portugal, em 1950, a quem enviou o livro.
A frase começa com: «Lembrança dos quitutes do Brasil...». Confesso que desconhecia a palavra «quitutes», que afinal significa “iguarias”[1] e que me obrigou a ir ao dicionário. O que mostra que isto do acordo ortográfico não é assim tão fácil porque não é com alterações de acentos e perda de letras, que lá vamos. Há realmente muitas palavras diferentes nas duas línguas e esta, de origem africana, não é usada em Portugal.
Voltando ao livro é importante realçar que a sua autora foi um dos primeiros casos de sucesso provocado pelos «media», em meados do século passado. Hoje os cozinheiros entram-nos pela casa pela televisão mas, antes destes, foram os jornais e a rádio que divulgaram os primeiros nomes.
Helena B. Sangirardi era uma especialista em Economia Doméstica e foi a sua colaboração na revista Cruzeiro com a rubrica culinária «Pratos que todos repetem» e os artigos sobre assuntos domésticos intitulados «Lar, Doce Lar» que tornaram o seu nome famoso.
A frase começa com: «Lembrança dos quitutes do Brasil...». Confesso que desconhecia a palavra «quitutes», que afinal significa “iguarias”[1] e que me obrigou a ir ao dicionário. O que mostra que isto do acordo ortográfico não é assim tão fácil porque não é com alterações de acentos e perda de letras, que lá vamos. Há realmente muitas palavras diferentes nas duas línguas e esta, de origem africana, não é usada em Portugal.
Voltando ao livro é importante realçar que a sua autora foi um dos primeiros casos de sucesso provocado pelos «media», em meados do século passado. Hoje os cozinheiros entram-nos pela casa pela televisão mas, antes destes, foram os jornais e a rádio que divulgaram os primeiros nomes.
Helena B. Sangirardi era uma especialista em Economia Doméstica e foi a sua colaboração na revista Cruzeiro com a rubrica culinária «Pratos que todos repetem» e os artigos sobre assuntos domésticos intitulados «Lar, Doce Lar» que tornaram o seu nome famoso.
Seguiram-se programas na rádio carioca e paulista com o nome «Bazar Feminino», posteriormente transmitido pela Radio Nacional.
O livro A Alegria de Cozinhar foi o seu primeiro livro publicado. No prefácio a autora promete publicar novos livros mas apenas em 1988 surgiria A Nova Alegria de Cozinhar.
Mais do que um livro de receitas é também um livro de normas e conselhos para as donas-de–casa. O livro termina com um capítulo muito interessante sobre «A Cozinha do Futuro... A Cozinha Elétrica», com a apresentação de electrodomésticos americanos, com desenhos fornecidos pela General Electric e que eram seguramente futuristas no Brasil da época.
O livro A Alegria de Cozinhar foi o seu primeiro livro publicado. No prefácio a autora promete publicar novos livros mas apenas em 1988 surgiria A Nova Alegria de Cozinhar.
Mais do que um livro de receitas é também um livro de normas e conselhos para as donas-de–casa. O livro termina com um capítulo muito interessante sobre «A Cozinha do Futuro... A Cozinha Elétrica», com a apresentação de electrodomésticos americanos, com desenhos fornecidos pela General Electric e que eram seguramente futuristas no Brasil da época.
Nada consegui saber sobre a autora a quem Vinicius de Moraes escreveu uma receita, sob forma de poema, intitulada «Feijoada à minha Moda», publicada no livro «Para viver um grande amor»[2].
20 comentários:
Já somos dois que ficámos a aprender sobre as "quitutes" brasileiras!
Beijinho de Bom Ano e bons posts!
schacim
Vem nos romances de Jorge Amado,não sei qual(is),li vários há muitos anos e foi lá que conheci o termo(nas publicações Europa-América de então julgo que haveria por lá um Glossário no fim das obras).
Cumprimentos
José
Que livro maravilhoso!
Parabéns pela partilha!
Só para esclarecer: a palavra "quitute" é masculina.
Anónimo,
Agradeço o seu comentário. Estive a reler o texto e foi usada como palavra masculina, mas não é demais realçar.
Minha vó Olga tinha esse livro. Eu amava folheá-lo quando criança. Infelizmente perdeu-se e só tenho a Nova Alegria de Cozinhar, que não chega aos pés do charme do antigo. (PS: Minha vó era de São Lourenço do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil.)
Anónimo,
Não desista e vá procurando o livro, na internet e em livreiros. Não é a mesma coisa que o livro da avó mas um bom substituto para as recordações.
este livro é incrivel e sua escrita me faz lembrar os tempos de infância, sou professor de gastronomia, e tenho a edição n 43. Adoro passar aos alunos este livro para terem uma noção de como foi o passado nas cozinhas do brasil.
Filipe Bacar de Goes
Fico satisfeita por saber que transmite aos seus alunos o passado gastronómico do seu país. Não podemos embarcar todos na internacionalização que torna os pratos todos iguais.
Olá:
Minha tia e madrinha tinha uma edição antiga, com os desenhinhos da cozinheira que eram uma graça.Adorei te-los revisto no seu Blog!
Anos depois, foi lançada uma nova edição: "A Nova Alegria de Cozinhar", que minha mãe comprou para si e presenteou a cada uma de nós(filhas) e à nossa jovem e querida cozinheira. Era uma edição mais moderna,com belas fotos coloridas que infelizmente também saiu do prelo, com a falência da editora.Mas não tinha o charme dos desenhinhos!
Dessa edição, porém, faz parte uma Receita de "Feijoada à minha moda" em versos livres, com que Vinícius de Moraes presenteou a autora.
A receita foi recuperada e publicada numa coletânea da obra "gastronômica" de Vinícius de Moraes lançada há pouco por ocasião de seu centenário, neste 2013.
Não sei se para fazer rima, ou por gosto a feijoada do Vinícius leva... tomates!
Abraços brasileiros,
Cybelle
Eu tenho esse livro a mais de 30 anos
Eu tenho esse livro, são três volumes de capa cor de laranja. Maravilhoso!
Quando criança amava folhear o Livro a Alegria de Cozinhar, grosso, com 718 páginas, de 1958, 28ª edição. Era tudo. Passado mais de quarenta anos, eu agora com 52 anos, entrei para faculdade de gastronomia e estou amando. lembrei-me do livro de minha mãe guardado do mesmo jeitinho, folhas amareladas, a capa dura remendada com alguns pedaços de durex. Minha mãe tem 83 ano e hoje aproximei-me dela como livro nas mãos e perguntei: você se lembra? Ela olhou e sorriu. Claro que não se lembrava, pois minha mãe é portadora de Alzheimer. Mãe gostaria de ficar com ele, posso? Ela ficou pensativa e disse: sim, pode. De verdade posso ficar com ele? Então me dá um beijo e ela me deu um beijo. Prometi a ela cuidar dele como ela cuidou.Estou muito emocionada escrevendo este texto, pois a culinária sempre foi a paixão da minha vida e agora tenho este tesouro de família, muito simbólico e valioso para mim.
Ana Julia Araújo,
Obrigada por comentar com tanto sentimento a passagem de mãos do livro de culinária da sua mãe. Mostra que os livros de cozinha da família podem ter uma outra dimensão.
Boa tarde,
Hoje, 24/07/2017, véspera de meu aniversário, quando farei 62 anos, resolvi pegar esse livro que era de minha mãe, falecida há dois anos e estou amando!!!
Não tenho a certeza do numero de folhas, porém ele é a 26ª Edição, da Livraria Prado Ltda - São Paulo.
Há alguns anos atrás, mandei refazer a capa dura e o desenho de perdeu.. e a ultima folha que ele tem é a de numero 704, ainda no índice alfabético. Tentarei colocar aqui algumas fotos dele para alegria de quem já o conhece...
Bom demais partilhar coisas e lembranças boas... Obrigada!!
Boa tarde
Hoje, 06/10/2017...estou com uma edição que faltam algumas páginas, não consegui descobrir de qual ano. Porém a parte que mais me atrai e de panificação e estava falando nessa edição q tenho.
A propósito tenho informações sobre a autora da feijoada q Vinicius coloca em seu poema.
Grata
Tânia.
Tania Dantas,
Se quizer partilhar essa informação era óptimo. Pode pô-la aqui ou caso contrário envie-me para o mail do garfadas e eu publico o poema com a informação adicional e o seu nome.
Obrigada.
Boa tarde,
Ontem, 07/10/2017... através de uma colega de curso, sobre história do açúcar (Tania Dantas),recebi como presente a publicação deste Blog em 2013 sobre o Livro "A Alegria de Cozinhar", cuja autora Helena B. Sangirardi é tia de meu marido, irmã de minha sogra Marilena B. Oliveira.
Helena Sangirardi faleceu em 1989.
O livro Nova Alegria de Cozinhar publicado por Edições Bloch em 1979, contém na pagina 93 em homenagem a meu marido uma receita com seu nome Sanduíche a Cicinho, um especial carinho a ele.
A receita da feijoada cujo Título Feijoada a minha Moda, foi contada em versos por Vinícius de Moarais, foi um presente à ela e encontra-se na pag 300 do mesmo livro.
Helena Sangirardi foi gerente em um restaurante em Copacabana por volta dos anos 60,onde tornou-se amiga de vários artistas, contores e compositores da época, dentre os quais estavam Vinícius, Cláudia, Tom Jobim, Chico Buarque, etc.
Uma curiosidade, Helena Sangirardi é Tia-avó do ator Paulo Vilhena (Rede Globo).
Vania Soares,
Muito obrigada por partilhar essas informações.
Brevemente publicarei o poema de Vinicius com os dados que acrescentou, porque em Portugal esse poema é pouco conhecido.
Volte sempre. Até breve.
Minha mãe tinha o 'Alegria de Cozinhar, desde +- 1958, não o tenho mais, e comprei recentemente o Nova Alegria de Cozinhar, em três volumes da Ed. Samambaia, não tem o ano. Tenho muita curiosidade em saber em que ano e onde nasceu Helena Sangirardi, soube que ela faleceu em 1989 mas não sei onde. Alguém aqui saberia dizer-me. Sou muito fã das receitas dela, fui criada com essas delícias que ela ensinava.
Um abraço e obrigada.
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