Chamou-me à atenção a beleza desta ementa transformada em papel de suporte para uma poesia dedicada ao 14º aniversário de uma menina, de nome Palmira Guimarães Romano. A festa de aniversário decorreu no Porto a 14 de Outubro de 1903 e a poesia foi escrita por seu pai, Joaquim Ferreira d’Almeida Romano Júnior, de que apenas consegui descobrir que frequentou a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto de 1897 a 1899.
A ementa, destinada muito possivelmente para distribuição em restaurantes que consumissem os produtos nela anunciados, foi feita pela firma Menéres & Cª para o vinho do Porto «Victoria». No fundo da ementa uma frase simples dizia: «Após a refeição bebei um cálice de vinho Victoria».
Do lado direito podia ver-se a imagem de uma garrafa do referido vinho e, do lado esquerdo, uma fita em espiral abraçava as várias medalhas ganhas nas exposições mundiais, com indicação das datas: Lisboa 1884, Paris 1889, Chicago 1893, Anvers 1894, Filadelfia 1876 e Bordéus 1895.
A empresa que comercializava este vinho tinha começado em 1874 pela mão de Clemente Joaquim da Fonseca Guimarães que fundou a firma Clemente Menéres & Cª, após o regresso do Brasil onde esteve de 1859 a 1863.
Destinada inicialmente à produção de rolhas de cortiça, posteriormente alargou a sua acção e passou a comercializar vinhos, vinhos do Porto, malvasia e licores, que produzia ou representava. Em 1895 após a morte da primeira mulher a designação passou a Menéres & Cª, mas esta sociedade foi extinta em 1905, dando origem à Companhia Vinícola do Porto e em 1908 à Companhia Vinícola Portuguesa.
A poesia tem a data de 1903 que corresponde precisamente ao período «Menéres & Cª». A parte superior do papel de ementa apresenta-se decorada com sete leques, em estilo Arte Nova, que representam figuras femininas correspondendo aos sete pecados capitais.
Damos relevo à «Gula», mais adaptada à temática deste blog, mas todas elas são interessantes. Uma utilização diferente de uma ementa.
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