quinta-feira, 8 de março de 2012

Um açucareiro português dos anos 50

A primeira vez que olhei para este açucareiro pareceu-me ver um objecto que, de algum modo, me era familiar.
Quem olhar para ele pensa imediatamente que deve ser inglês ou americano, uma vez que foram os que mais utilizaram este modo de servir açúcar.

Rebusquei na minha memória e lembro-me de ter utilizado este tipo de açucareiro. Cheguei mesmo a ter um mais pequeno, igualmente em vidro, em que da tampa em metal saía um pequeno tubo biselado. Invertia-se o objecto e o açúcar saía livremente. Era preciso muita experiência para acertar na quantidade de açúcar e ao fim de pouco tempo desisti de usar esta estrangeirice.
Fiquei portanto surpreendida quando relacionei o objecto aqui apresentado com a imagem de um açucareiro feito por António Augusto Pedro. Este português, industrial, residente em Lisboa na Avenida D. Rodrigo da Cunha, Lote 4- 1º B Dtº requereu no dia 24 de Abril de 1954, o registo deste modelo industrial de açucareiro.
Este açucareiro era portanto português. O frasco em vidro tem seis faces, com estrias verticais e horizontais, que permitem mais facilmente segurá-lo. A base é circular e tem em relevo, a identificá-lo, as marcas AP que, presumo, correspondem a António Pedro. Desconheço em que fábrica era executado o mesmo ou se era produzido pelo próprio. Tratar-se-ia de um objecto destinado a exportação? Perguntas para as quais é difícil encontrar resposta.

Não há dúvida que pouco foram usados em Portugal. O seu uso teve como princípio noções de higiene. Tratava-se de uma embalagem fechada e portanto sem possibilidade de ter aceso fácil ao açúcar, pelo que foi usado sobretudo em restaurantes. No caso presente,  as suas grandes dimensões (17 cm de altura) adequam-no mais a esse destino.
A legislação que proibiu a dispensa de açúcar a granel nos estabelecimentos alimentares, substituindo os diferentes tipos de açucareiros por pacotes individuais de açúcar, pôs fim a estas invenções. 

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá Ana

Interessante o seu açucareiro doseador e que belas recordações me traz.Aos domingos de manhã, ia com o meu pai a um café, na Estefânia, onde havia esses açucareiros e o café era servido em copos de vidro, sem asa, mas que vinham assentes numa base de cortiça, para impedir que se queimassem os dedos.
A graça do copo e as inúmeras vezes que deitávamos açúcar (a gulodice já era marcante) e, por fim, o ritual de mexer com a colher, deixando sempre um bocadinho no fundo, para se poder saborear no fim.
belos tempos!
Cumprimentos
if

Ana Marques Pereira disse...

IF,
É engraçado porque ainda há dias eu falava sobre esses copos para café. Lembro-me de eles existirem mas a minha memória apagou a sua forma. E é verdade a quantidade de açúcar que se punha era enorme e ficava sempre uma boa altura a ver-se no fundo do copo.
Obrigado por partilhar as suas memórias.
Um bj