Começo por dizer que comprei a revista onde vinha este anúncio pelo fascínio que este me causou.
A revista intitula-se «Mundo Gráfico», é de 1916, e tem na capa o anúncio ao sabão Heno de Pravia com um original de Ricardo Gracia que, presume-se, ganhou o concurso de cartazes de «Heno de Pravia» que teve lugar em Barcelona.
Na contracapa e, ocupando mais de metade desta, encontra-se esta publicidade.
Os reforços alimentares são um tema que me agrada e falei já sobre o Bovril e o Phosphatine, entre outros.
O autor deste produto chamava-se Ramon Valdés Garcia, nasceu em 1884 no Uruguai, onde chegou a ministrar uma aula de Homeopatia na Universidade da República, em 1882 . Durou apenas quatro anos, segundo dizem os seus seguidores por perseguição da medicina clássica.
Este produto era exportado para vários países da América latina e da Europa, como Espanha e Portugal. Era vendido nas farmácias e extensamente publicitado na imprensa. Para além da publicidade clássica era acompanhado nos jornais por declarações de médicos, de várias nacionalidades, que atestavam as suas qualidades benéficas.
Esta “Carne Líquida” do Dr. Valdés Garcia era sobretudo promovida como um tónico nutritivo em que existia «mais de 19% de verdadeira peptona de carne, com o certificado correspondente e a opinião de outros colegas» (1908).
Nalguns anúncios afirmava-se mesmo que dar a uma criança 2 colheres deste fármaco, era o mesmo que dar meio kilo de carne, com a vantagem de ser mais facilmente digerida do que o leite. Isto mesmo era repetido numa “notícia” publicada num jornal português, «Resistência. Órgão do Partido Republicano Português de Coimbra» de 19/3/1908.
Desconhecia esta «Carne Líquida» que, temos que concordar, é uma maneira engenhosa de apresentar este tónico. E resultou. O tónico teve imenso sucesso na época e ainda hoje é referido como uma publicidade enganosa que não seria aceite nos nosso dias. E daí até nem sei. Não há agora no mercado um produto que diz que «aspira as gorduras»?
4 comentários:
Já não sei qual o nome de um tónico que, quando eu tinha 9 anos(1963) era dado à garotada lá em casa. Misturavam uma colher de sopa do líquido castanho na sopa, que ficava com um gosto e cheiro estranhos.Detestável!
Lembrei-me agora disso e não pude deixar de comentar.
Beijo
Nos anos 60 era o Oleo de Figado de Bacalhau, que eu comi em quantidades industriais, pois os outros miudos não gostavam e na Casa dos Pescadores da Trafria, era o que davam e era bem saboroso para o meu gosto.
Acácia Rubra e Carlos Caria,
Eu passei pelo mesmo.
Se calhar foi isso que nos fez fortes.
Um abraço
Acácia Rubra e Carlos Caria,
Eu passei pelo mesmo.
Se calhar foi isso que nos fez fortes.
Um abraço
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