Há uma diferença entre o cacau quente e o chocolate quente, embora haja quem use estes nomes de forma indistinta.
O cacau quente é feito com o pó do cacau, isto é, dos grãos do Theobroma cacao, a que foi extraída a gordura ou manteiga de cacau.
O chocolate quente, hoje em dia, é feito com chocolate em barra ou em pastilhas, derretido, até obter creme. Estas definições só fazem sentido depois que, em meados do século XIX, se industrializou o processo de fabricação. Em 1828, na Holanda, Coenrad J. Van Houten (1801-1887) descobriu um processo para tratar o cacau. Utilizando uma eficiente prensa hidráulica, obtinha um “bolo” que era depois pulverizado em pó fino. Este era em seguida tratado, através de sais alcalinos, tornando-se num pó de cacau mais solúvel na água e mais facilmente digestível.
A esse processo chamou-se «Método Holandês». E foi provavelmente devido a isso que os melhores cacaus em pó foram, e ainda são, de origem holandesa.
Quando, em 1838, expirou a patente, outras empresas começaram a fazer novos produtos em chocolate, como o chocolate em barra, feito pela primeira vez, em 1847, pelo inglês J.S. Fry & Sons.
A partir de 1850 a empresa Van Houten, começou a exportação dos seus produtos. A firma utilizou precocemente a publicidade para divulgar os seus produtos. O mesmo se iria passar com outras empresas holandesas que passaram a produzir o cacau em pó pelo processo «Dutch», de que resultou o aparecimento de empresas como a Droste, a Bensdorp, De Beukelaer e a Betke.
É sobre esta último que queremos falar. O cacau desta marca foi importado para Portugal pela empresa J. P. da Conceição & Ribas, que se intitulava único importador para o nosso país. Situava-se na Rua dos Bacalhoeiros, 121, 1º em Lisboa.
Encontramos anúncios ao cacau Betke no jornal «A Capital» de 27 de Maio de 1913 e também numa publicação não datada, igualmente de 1913, «O Anunciador Artístico».
A lata apresentada nos anúncios corresponde ao formato usual nos anos 10-20, com base de formato rectangular.
Cerca de 1920-1925 a mesma lata aparecia no mercado em cores mais vivas, encarnadas ou verdes. Interessantemente, nos anos 40, na Holanda, após a invasão nazi, só era permitida a sua venda quando o nome Betke estava tapado. Era então vendida em latas idênticas, com a mesma cartela central e sem identificação do nome.
Em Portugal perdemos-lhe o rasto depois destes anúncios e não encontramos outras referências, ignorando quando deixou de ser importada. Fica apenas este registo, a aguardar novos acréscimos de informação.
4 comentários:
De onde é que eles importavam o cacau durante o período de ocupação (1940-45)?
Pergunta difícil. Os holandeses desde o século XVII criaram várias plantações próprias em Jacarta,Sumatra e até na Venezuela. Penso que seria daí. Hoje a Holanda obtém o seu cacau do principal exportador, que é a Costa do Marfim.
Eu dou o cacau e tu os 'bolinhos'?
Está bem. Quando quizeres. Promessas!
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