A cherovia é a raiz de uma planta da família das umbilíferas, em que se incluiem outros membros mais conhecidos como a cenoura, a salsa, o funcho e o aipo. O seu nome botânico é Pastinaca sativum.
É hoje pouco conhecida, excepto pelas pessoas originárias da região da Covilhã e do Fundão, uma vez que é na região da Serra da Estrela, em especial na Cova da Beira que tem o seu habitat.
Se bem que hoje seja uma desconhecida para a maioria das pessoas a sua apreciação como elemento da dieta humana tem uma longa história. Surgiram como plantas nativas na Europa, na região do Mediterraneo, e foram consideradas um alimento de luxo entre a aristocracia da Antiga Roma.
Apicius refere-se a elas, mas há dúvidas se seriam as raízes a que agora nos referimos, se outra variante de cenouras, também designada por pastinaca. O seu sabor inigualável, ligeiramente adocicado, levou a que fosse servida com mel ou em bolos com frutas.
Durante a Idade Média a cherovia continuou a ser apreciada e utilizada em pratos doces, na ausência de açúcar. Foi nessa época que surgiram novas variedades. Mas até à Renascença a história das cherovias confunde-se com a das cenouras.
As formas selvagens são hoje consideradas infestantes nalguns pontos dos Estados Unidos. Mas as formas cultivadas expandiram-se para as Ilhas Britânicas e Norte da Europa onde são apreciadas.
Em Portugal, se tiver oportunidade de adquirir alguns exemplares não deixe de aproveitar para sentir um gosto inexplicável. Não se compara com nada, por isso não me é possível descrevê-lo-
Para as escolher deve seguir os mesmos princípios do que quando escolhe cenouras. Escolha-as firmes, de preferência de tamanho uniforme para ficarem mais bonitas na apresentação. Pode escolhê-las de todos os tamanhos, mas evite as demasiado grandes que podem ter um talo fibroso. A forma mais habitual de as comer em Portugal é fritas depois de passadas por polme. Comece por descascá-las e corte-as em fatias finas, no sentido longitudinal. Coza-as em água com sal, evitando que cozam demasiado para não ficarem moles. Escorra-as e passe-as por polme e frite-as como se fossem peixinhos da horta. Podem acompanhar carne ou peixe. Pessoalmente acho que ficam melhor com carne, mas em minha casa comiam-se com arroz de tomate e rodelas de lulas também passadas por polme (calamares). Era uma refeição deliciosa.
Também podem ser usadas assadas no forno, mas confesso que nunca experimentei. São óptimas para fazer sopas em substituição das batatas.
Neste momento são já utilizadas em restaurantes modernos em receitas alternativas, mas nenhuma melhor que a tradicional. Comi no estrangeiro um prato em que apresentaram fatias fininhas, fritas em azeite como se fossem batatas. Como têm o feitio de cenoura resultavam de forma decorativa, mas no que respeita ao gosto foi um desastre.
Do ponto de vista alimentar é uma raiz com baixas calorias. Não tem gorduras, mas tem fibras, açúcar e hidratos de carbono. Têm também ácido fólico, cálcio e potássio.
Desconheço qualquer receita em livros antigos de culinária portugueses, mas no século XIX pelo menos 2 obras publicadas nos estados Unidos apresentavam receitas com cherovias: no livro de F.L. Gillette, intitulado "White House Cookbook", publicado em 1887 e no livro de Fannie Farmer “Boston Cooking-School Cook Book”, de 1869. Por fim quero dizer que tem sido feita desde há 2 anos uma feira de divulgação deste produto na Covilhã. Este ano, no início de Outubro decorreu a 2ª Festa da Cherovia. Já acabou, mas para o ano esteja atento e vá lá. Não espere contudo tanto tempo para as comer. Se for visitar aquela zona procure um restaurante que tenha cherovias na ementa e se não conseguir dê um salto à praça e vá comprar para experimentar em casa. Vale a pena.
7 comentários:
http://diasquevoam.blogspot.com/search?q=cherovia
Vendem na Miosótis. É perguntar ao Ângelo.
A minha sogra(Fundão)utilizava-as com beringelas fritas do mesmo modo servidas com abundante salada de tomate,em saudosos verões na Beira-Baixa.
josé
É engraçado porque em minha casa também se comiam com as beringelas fritas passadas por polme. Distinguiam-se umas das outras porque as beringelas eram cortadas às rodelas e as cherovias ao comprido(em triângulos).
OLha , eu nunca tinha ouvido falar. Fazem-me lembrar as batatas doces, mas são bem diferentes.
Elia
Da próxima vez que vieres a Portugal faço-te umas cherovias para experimentares. Costumo ter uma reserva na arca.
Olá bloggers,
Pois eu estava a reconhecer isso, mas o nome cherovias não me dizia nada. Fui investigar e, ao que se chama aqui Parsnip, traduziram-me para pastinagas ou cherovias.
Ponho aqui este link para a Ana incorporar esta planta na suas consultas!
http://www.online-family-doctor.com/vegetables/parsnip.html
rita
Rita,
As cherovias chamam-se realmente «parsnip» em inglês.
Obrigada pela tua informação. Vou ver o site com mais calma. Um beijinho.
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