terça-feira, 26 de setembro de 2023

A Confraria da Cherovia

 

Falando à antiga, cresceram-me os dentes a comer cherovia. Em Portugal, é apenas na região da Covilhã que cresce esta raiz (Pastinaca sativa), classificada definitivamente por Lineu, em 1753, no livro Species Plantarum. Até então existiam muitas confusões entre esta e a cenoura, sobretudo numa época com menos uniformidade desta última. As duas eram "raízes" e por isso mesmo desprezadas na Idade Média.

As cherovias surgem pela primeira vez num livro de culinária em 1450. Maestro Martino da Como, dá uma receita de cherovias fritas no livro De honeste voluptate. Outros se lhe seguem. Durante a Renascença foi recuperada, para cair mais tarde no abandono, substituída pela batata.

Fico por aqui na sua história. Este texto é uma parte da comunicação que fiz durante a minha entronização como confrade de honra da Confraria da Cherovia e da Panela no Forno, na Covilhã, no passado dia 28 de Setembro.

Aveludado de cherovia
No juramento prometia-se divulgar estes produtos característicos da cidade. Cá estou a fazê-lo, embora o meu empenho seja sobretudo dirigido à Pastinaca.  

Panela no forno
Nos últimos tempos tem sido descoberta pelo cozinheiros e foram criadas novas receitas. Aqui lhes mostro a ementa do jantar que tivemos no restaurante A Laranjinha, referência a um antigo jogo com bolas, onde comemos muito bem.

Sobremesa: Imperador de cherovia e creme inglês
A acompanhar este evento houve três dias de festejos que incluíram uma feira onde se podia comer a cherovia nas suas variantes e outros sabores da região, como o famoso pastel de molho, de que falei há já uns anos.

Já acabou, mas para o ano há mais festa, novamente em Setembro. Não percam!

Sem comentários: