Espalhadas pelas belas encostas
da Ilha, alternando com paisagens que parecem saídas de um quadro de João Hogan, podem observar-se manadas de vacas que pastam calmamente. Chama à atenção
a diversidade de cores: malhadas pretas e brancas, castanhas e brancas ou
castanhas, numa mistura agradável à vista. São vacas leiteiras responsáveis
pela grande quantidade de leite produzido que, na grande maioria, é exportado para outras
ilhas. Na ilha é consumido em parte e transformado em manteiga e queijo, o
célebre queijo da Graciosa que compete com o de outras ilhas dos Açores e que alguns dizem ser superior ao de S. Jorge.
O leite serve igualmente
para fazer as Queijadas da Graciosa que antigamente eram designadas por “covilhetes
de leite” ou “queijadas da praia”. Feitas no domicílio passaram, desde há cerca
de 25 anos, a ser produzidas como especialidade
local por Maria de Jesus Félix que abriu uma fábrica para a produção das
mesmas. Mas é possível encontrar outras idênticas em vários pontos da ilha.
A receita é conhecida e
presumo que seja muito idêntica nos vários locais, porque nas que provei localmente não
encontrei diferenças significativas. À vista são queijadas de bicos, habitualmente
cinco, feitas com uma massa fina, levemente franjada nas extremidades. Lá
dentro um creme de leite bem apurado, que lhe dá uma cor escura e que é extremamente
doce.
Fiquei a pensar que, embora
do ponto de visto teórico, seja bom manter as receitas tradicionais, na realidade, hoje em dia, o nosso paladar já não está habituado
a uma quantidade tão grande de açúcar. Dito de outra maneira, entre o rigor
escrupuloso da receita tradicional e os conceitos de alimentação actuais (menos
sal, menos açúcar, etc.) há que optar pela adaptação aos hábitos mais saudáveis
dos nosso tempos. Assim, apesar do meu interesse pelas antigo receituário de culinária, parece-me aconselhável reduzir a quantidade de açúcar da
receita, que faz estranhar o paladar dos não autóctenes. E se eu sou gulosa!
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