quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Guimarães desconhecida


 Na última ida a Guimarães tive o prazer de descobrir a Zona dos Couros, cuja visita nos transporta ao passado.

Situada num local central, recuperado pela Câmara de Guimarães, surpreende pela sua beleza e extensão. Interrogamo-nos como é possível estar ali tão acessível e não termos tido conhecimento da sua existência, apesar das múltiplas visitas feitas anteriormente à cidade.

Esta zona situava-se fora das antigas muralhas e é atravessa pelo rio do mesmo nome (ribeiro de Couros) que nos passa debaixo dos pés, em várias linhas de água, que vemos correr hoje com uma limpidez que não teria antigamente. Persistem ainda extensos vestígios da que foi a importante manufactura das peles, com habitações especiais e múltiplos tanques onde as peles era mergulhadas, desde a Idade Média.

Os edifícios que foram fábricas onde se transformavam as peles de gado bovino em couros, com os seus típicos secadouros e tanques de tinturaria, são hoje, após a sua recuperação  ocupados pelo o Centro de Formação Avançada e Pós-Graduada, o Centro de Ciência Viva,  o Instituto de Design e até uma  Pousada da Juventude.

Impressionam os numerosos tanques em granito, onde em tempos se mergulhavam as peles, e que formam conjuntos extensos que se estendem por várias áreas.

Entrando por um portão de madeira entramos no que hoje se chama o Centro de Ciência Viva. Lá dentro situava-se o conjunto de habitações da Ilha do Sabão e uma antiga fábrica Âncora. No seu interior podem ver-se grandes mesas de pedra, sendo as fachadas cobertas por ripado de madeira que permitia estender no interior as peles e  secá-las. Ao entrarmos sentimo-nos regressar ao passado e, não sei porque razão, senti-me na Flandres, local onde nunca estive.

O sabão, tal como o sebo e a cola, eram extraídos da gordura das peles e transformados depois em produtos indispensáveis à vida quotidiana.

No passeio pela zona são também visíveis restos de fábricas, em pedra, de grandes dimensões, que foram empresas importantes nos séculos passados e  que foram abandonadas com o declínio desta industria em meados do século XX.

Se em Guimarães já havia tantos locais históricos para visitar, este antigo conjunto industrial, tão bem conservado, merece ser conhecido  e mencionado neste blogue, apesar de me obrigar a sair da temática habitual. Mas valeu muito a pena esta viagem no tempo.

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