terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Guardanapo de toilette

Passei a olhar para os têxteis de mesa de uma forma diferente quando comecei a investigação para o livro Vestir a Mesa.

Para além da compra de livros e papéis comecei a adquirir toalhas, panos de tabuleiros, sacos, etc. para perceber melhor a evolução dos modelos. As surpresas foram muitas e o encanto pelas peças tornou-se cada vez maior.

Limito-me agora a falar dos guardanapos, que acompanham inevitavelmente as toalhas ou se apresentam dispersos por muitas pessoas os consideram hoje dispensáveis, apercebi-me da sua delicadeza e de como ao longo dos séculos foram encarados de formas tão diferentes. As suas dimensões, o fim a que se destinavam, o modo como devem ser dobrados, tudo isso é importante e diferenciador.

Tendo visto centenas deles deparei-me há pouco tempo com um guardanapo, em brocado de algodão, de pequenas dimensões, onde na barra circundante estava escrito TOILETTE, em grandes letras. Procurei uma explicação e finalmente descobri.

Trata-se de um guardanapo para limpar a cara. Ao contrário das toalhas de mãos, que se destinavam a esse fim, grandes e rectangulares, ou das toalhas para limpar o corpo, todos se podem considerar de toilette, mas os primeiros são pequenos.

Esta designação utilizava-se no século XIX, quando a higiene matinal era ainda parcial e o lavar a cara era mais frequente que o banho.

Pode encontrar-se a expressão serviette de toilette em Le Roi des montagnes, novela publicada por Edmont About, publicada em 1857 (p. 110), ou no romance de Charles-Ferdinand Ramuz (1878 - 1947), de 1910, Aimé Pache, peintre vaudois, onde consta o seguinte texto: «Fais bien attention aussi que tu as deux espèces de serviettes, une pour la figure et l'autre pour les mains» (p. 104).

Para concluir: depois de ver tantos guardanapos e quando pensamos que já vimos tudo, surge-nos uma surpresa, um guardanapo de toilette de que nunca tinha ouvido falar e penso que não serei só eu a espantar-me.

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