quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Há chá em Ponte de Lima

Diz-se habitualmente que os Açores são o único local da Europa onde se cultiva a planta do Chá. Na realidade será o único onde se cultiva com produção extensa e transformação comercial.

Foi assim, com surpresa, que durante a minha última visita ao meu amigo Álvaro Teixeira de Queirós, que descobri uma outra realidade. Em Ponte de Lima, na sua bela propriedade, nos jardins da casa do Cruzeiro ou de Nossa Senhora da Piedade, cresce um tipo de camélia especial, a Camellia sinensis.

Bordejando os dois lados de uma álea do jardim cresce, há quase cem anos, uma variedade Assamica, trazida de Moçambique por um tio do dono da casa. Esta variação, diferente da var. chinesa sinensis, é endémica na Índia, em Assam, e a base da maioria dos chás pretos indianos como o Oolong, o Preto e Pu-erh. Distingue-se da variante chinesa por ter folhas maiores e por apresentar maior concentração de polifenóis, menor concentração de aminoácidos e serem menos aromáticas.

Embora a sua função, com as belas flores brancas e amarelas, tenha sido durante décadas decorativa, o dono da casa recolhe, desde há algum tempo, os seus rebentos que depois de secarem e macerarem manualmente servem para consumo da casa.

À hora do chá, um ritual diário sagrado para mim, tive oportunidade de beber o resultado da sua cultura. Efectivamente um chá suave e pouco aromático, que constitui uma experiência surpreendente.


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