Nas últimas eleições, no auge da pandemia, fui votar cedo para evitar ajuntamentos. Quando cheguei ao local de voto, na Praça da Ribeira, verifiquei que as mesas estavam vazias.
Não havia qualquer fila e, à minha
frente, apenas um senhora carregada com sacos de supermercado, mais de dois em
cada mão. Interroguei-me sobre a necessidade de se deslocar com aquele peso,
num dia de acto eleitoral, para o qual só é necessário um cartão e uma caneta.
Votando no mesmo local que eu, pensei
que devia ser aqui da freguesia, mas nunca a tinha visto. Durante todo o ano de
confinamento vi-a apenas por duas vezes, a descer a rua, carregada de sacos em
ambas as mãos. Com o rosto sempre tapado por grandes chapéus de abas continuei
sem lhe visualizar a cara.
Voltei hoje ao mesmo local
para votar. O movimento era escasso, quase nulo. À minha frente, novamente, estava
a senhora dos sacos. Tirei uma fotografia de costas, porque pensei que se eu
contasse esta história ninguém acreditaria.
Mal posso esperar pelas
próximas eleições.
………….
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