Foi um presente de romãs ainda
verdes mas abertas mostrando os seus grãos de um vermelho reluzente que
desencadeou este poste. Apeteceu-me imediatamente fotografá-las pela sua
beleza e utilizei um prato verde das Caldas da Rainha para, no conjunto, formar
uma peça bordaliana.
A palavra romã (Punica granatum L.) provém do antigo
nome semítico “rummanu”, que deu ” rimmon” em hebreu e “roummana” em
árabe[1]. Mais tarde as línguas grega
e latina usaram a expressam genérica “malum” ou “pomum granatum” (i.e. cheio de
sementes), onde a língua inglesa foi buscar o pomegranate. José Pedro Machado dá-nos a origem a partir do latim rõmãna (¨mala), «(maçã) romana)»[2].
Antonello de Messina |
A presença da romã no Oriente
esta provada arqueologicamente desde o 4º milénio aC e no Egipto desde o 2º milénio
bC[3]. Apesar de na Península
Ibérica dever anteceder a sua identificação arqueológica no século 6º bC na
região costeira aonde chegaram os fenícios e que provavelmente corresponde à
introdução da árvore na Andaluzia.
Pormenor menino Jesus com romã. Sandro Boticelli. |
Desde sempre esteve associada
à fertilidade e à abundância, é essa a simbologia que encontramos na sua presença
no bordado de Castelo Branco.
Durante a idade Média e a Renascença
vamos encontrá-la em obras como a de Antonello da Messina “Nossa Senhora com o
menino” (c. 1460), existente na National Galery em Londres ou na pintura de Sandro
Botticelli “Nossa Senhora da romã” (1481) existente na Galeria dos Uffizi em
Florença onde o menino Jesus segura uma romã, como um fruto símbolo da vida. Este
é um dos exemplos em que os alimentos estão presentes na Arte da Renascença com
poderes simbólicos.
Luiz Melendez, 1771 |
Mas a romã atraiu muitos
outros pintores como Melendez ou Simeon Chardin (1763) presente no Museu do Louvre. Não esquecendo
a nível nacional a sua representação por Maluda, num dos mais felizes dos seus
quadros e de que já falei anteriormente.
Maluda, 1984 |
[1] Lorenzo
Nigro; Federica Spagnoli. Pomegranate (Punica granatum L.) From motya and its deepest oriental roots.
[Vicino Oriente XXII (2018), pp. 49-90]. Consulta online.
[3] Lorenzo Nigro; Federica
Spagnoli. Pomegranate (Punica granatum L.)
From motya and its deepest oriental roots. [Vicino Oriente XXII (2018), pp.
49-90]. Consulta online.
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