Ao folhear o livro Monografias Alentejanas, de Pedro
Muralha, publicado em 1945, deparei-me com uma notícia sobre a Casa Natal em Beja. Era uma antiga mercearia e foi pertença de Armando Inácio Gonçalves,
natural de Graça dos Padrões, em Almodôvar. Aos doze anos começou a trabalhar
numa mercearia na Rua de Mértola e em 1910, após o exame do então 2º grau
entrou como marçano no estabelecimento do comerciante José António Coelho. Ao
fim de 2 anos já era caixeiro e posteriormente subiu a gerente. Com a morte do
proprietário passou a patrão do estabelecimento.
Mas não ficou por aqui. Em
1925 tomou de trespasse uma outra casa melhor situada na cidade: a Casa Jaldon uma
conceituada mercearia que tinha sido fundada em 1880.
Armando Gonçalves para
além do comércio dedicou-se à industria e montou uma torrefacção e moagem de
café que comercializava com o nome da casa. Foi com este café que concorreu à "Feira de Amostras de Produtos Portugueses",
no Rio de Janeiro, em 1930, onde ganhou uma medalha de ouro.
Foto tirada da internet |
Ao pesquisar
informação sobre esta casa deparei-me com um artigo escrito pelo meu amigo
Manuel Paula e publicado no Diário
do Alentejo em 7/7/2017, a propósito do encerramento deste
estabelecimento. Manuel Paula havia entrevistado o sobrinho Sr. José Inácio
Gonçalves que então, já com 83 anos, se encontrava à frente da casa. Pediu-lhe
fotos antigas e foi possível recuperar uma placa de vidro com a imagem primitiva
do exterior da loja que encima este poste. É visível o tipo de pintura exterior
do edifício que à época era pintado de grenat com letras em branco contornadas
a preto.
A imagem publicada no livro Monografias
Alentejanas mostra-nos que em 1945 a pintura da fachada tinha sido alterada,
embora mantivesse as duas portas de entrada e a pequena montra central. Posteriormente,
segundo Manuel Paula, a loja mudou de ramo e o seu interior foi destruído.
Casa Natal em 1945 |
Infelizmente mais uma
mercearia antiga que já não existe, tal como o seu fundador sobre quem o redactor
do referida monografia terminava o texto da seguinte maneira: «Como chefe de
família tem vida exemplar».
2 comentários:
Aproveito esta memória de velhas mercearias,o meu antigo merceeiro era um ratão olho vivo!Para desejar à Autora e ao excelente blogue um Bom Ano Novo.
jose
José,
É sempre bom ter notícias suas. Desejos de um feliz ano de 2018, cheio de saúde. Abraço.
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