É este o tema aliciante do II
Colóquio da Primavera, organizado pela DIATA e que vai ter lugar nos dias 3 e 4
de Maio no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.
Como podem ver o programa é
extenso e variado, seguramente a não perder.
Eu irei falar sobre «Símbolos
de poder à mesa (séc. XVI - XIX)». Para abrir o leque aqui lhes deixo o resumo
da apresentação:
«Não é possível determinar em
que época o Homem se apercebeu da importância da mesa, tomada em sentido lato,
como manifestação de magnificência e poder. Descrições e representações de
banquetes medievais evidenciam já essa noção. Mas foi sobretudo na Renascença
italiana que os banquetes atingiram um requinte e esplendor que ainda hoje nos
impressionam.
Pode considerar-se o banquete de casamento do Grão Duque Fernando
I da Toscania (da famosa família dos Medici) com Cristina de Lorena, em 1589,
pintado por Domenico Cresti Passignano, que teve lugar no palácio Pitti em
Florença, como um modelo de tal modo grandioso que viria influenciar as
práticas teatrais das cortes europeias no século XVII.
Mas antes de falar em poder há
que caracterizar de que tipo de poder se trata. Das várias classificações
existentes optámos pela de Norberto Nobbio que distingue as três formas de
poder: político, económico e ideológico. Dentre estes conceitos restringimos-nos
ao poder político, isto é, ao poder legitimado, também chamado “posicional”. A
natureza deste poder surge como uma forma de estrutura social que apresenta
igualmente a possibilidade de vir a influenciar os outros. No que respeita à
monarquia, o poder absoluto em que os direitos reais são considerados divinos,
isto é, em que o rei é o representante de Deus, foi legitimado por teorias como
a do filósofo Jacques-Bénigne Bossuet. Nestes conceitos estavam incluídas as
manifestações de pompa que envolviam os diferentes momentos ritualizados das
refeições reais, destinadas a evidenciar a majestosidade e grandeza do rei ou
príncipe.
A refeição pública áulica torna-se, assim, numa encenação ostensiva
que representa o teatro do poder. Nela estão envolvidos, para além do rei ou
príncipe, os oficiais da Casa Real cuja função se encontra ritualizada,
obedecendo a normas pré-estabelecidas que visam aumentar a grandiosidade do
acto. Como em qualquer representação, o público está forçosamente presente,
neste caso a corte ou os convidados privilegiados que se pretende impressionar.
Para a representação são seleccionados os cenários de que fazem parte o uso do
dossel, da mesa elevada, das copeiras com baixela de aparato, para apenas
mencionarmos alguns aspectos.
Finalmente será referida a
colocação da mesa coberta com ricos têxteis sobre os quais era disposta a
baixela preciosa e variada. Existem, contudo, objectos que, de forma especial,
representam o poder à mesa. Nesta comunicação serão indicados apenas os dois
mais importantes: o saleiro, o primeiro a ser colocado sobre a toalha e o
“talher”, melhor identificado pela palavra francesa cadinet ou cadenas, termo
que implica a possibilidade de ser fechado com um cadeado, protegendo o seu
interior de eventuais tentativas de envenenamento. Este pode apresentar-se numa
das suas formas mais simbólicas como uma naveta, elemento trazido directamente
do ritual litúrgico e que representa como nenhum outro as manifestações do
poder real à mesa».
Inscrições através do email:
2 comentários:
Parece-me muito interessante. Desejo que a assistência complete o espaço e que nele reine o entusiasmo e a descoberta.
Luis Filipe Gomes,
Agradeço o seu comentário. A avaliar pelo ano passado acho que este ano vai também ser um sucesso. Cumprimentos
Enviar um comentário