Este pequeno e singelo (que
palavra tão adequada) livro foi escrito pelo Padre António Maia, missionário em
Angola, e publicado pela primeira vez em 1960.
Este missionário angolano
nasceu em Ovar em 1905 e estudou nos seminários da Missões de Cucujães no Porto
e dos Olivais de Lisboa. A escrita e publicação de livros não era um campo
novo. Anteriormente havia já publicado 14 livros religiosos.
Chegou a Ambriz em 1935 já
como subdiácono para professor auxiliar da Missões. Celebrou o 25º ano da sua chegada
a Luanda com a publicação deste livrinho.
O autor explica que quando chegou a
Luanda começou a tomar rápidas notas de culinária europeia e angolana, que acabou
por publicar com a intenção de ser útil nas suas viagens de evangelização
através do mato e sertão africanos.
Padre António Maia. Foto tirada do Jornal João Semana |
O livro com 83 receitas
esgotou-se rapidamente e na 4ª edição já haviam sido feitos 10.000 exemplares. Esta
que eu tenho é a 5ª edição, publicada em 1961, de 2500 exemplares. Isto é, ao
fim de um ano, haviam sido distribuídos, presumo, 12.500 livros, o que é
verdadeiramente espantoso.
Os pratos são bastante
básicos, como fazia sentido, com um predomínio de pratos de sopas (ou não fosse
português), de pratos de arroz e de feijão, mas também pratos com carne e
peixe. Mas também sobremesas como arroz-doce, cremes, aletria, merengues, doces
de coco, de amendoim, de caju, de banana, etc.
Os pratos angolanos são
vários e mostram a sua integração local, mas também o desejo de ensinar coisas
básicas como o «Modo de fazer farinha de mandioca», de fazer «fuba de bombó», «Como
cozinhar funji ou pirão», a par de receitas que remontavam à sua juventude como
o modo de fazer broa de milho, ou, a partir da 4ª edição, uma receita nova de
Ovar, a sua terra natal, ou o modo de fazer marmelada, entre outras.
No final no «Apêndices» há
ainda lugar para um pequeno glossário de «Conhecimentos úteis e vocabulário», o
«Modo de fazer hóstias para o Culto Divino», «Modo de purificar óleo de palma»,
«Utensílios de cozinha», etc.
Foto tirada do Jornal João Semana |
2 comentários:
Que livro tão interessante. No que diz respeito às sopas, também acho que sejam um hábito muito português e muito da geração deste senhor. O meu pai, mais novo uma década dizia que "a sopa é a tranca da barriga". E, de facto, a sopa estava presente diariamente na casa dos meus pais. Mantive este hábito, apesar da contestação da minha criançada. Hoje, os meus filhos também fazem deste hábito, um lema alimentar. Sem dúvida uma mais valia para eles.
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Saudações
Maria Paula,
Não conhecia essa expressão da sopa como tranca da barriga mas faz sentido. Nós os portugueses apreciadores de sopa é que estamos certos. Um abraço.
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