Em 9 de Maio de 1999 o brasileiro
Jornal do Comércio, noticiava o
desmantelamento da Fábrica Peixe em Pesqueira, encerrada desde 1998 e a
transferência da maquinaria para outros locais. Começava assim uma história de
múltiplas aquisições da marca por vários grupos de produtos alimentares como a
Bombril-Círio Brasil, entre outros, que levaria ao fim da produção.
Fundada em 1888 por Carlos
Frederico Xavier de Brito aproveitando o êxito de sua mulher Maria da Conceição
Cavalcanti de Brito que, com a ajuda da filha de uma doceira de Pitanga, D.
Dina, iniciou a fabricação caseira de goiaba.
No início os doces eram feitos
num tacho de cobre, cortados em pedaços e embrulhados em papéis recortados que
uma criada levava num tabuleiro para vender pela cidade. Mas o negócio teve êxito
e dentro de algum tempo já existia a Fábrica de Doces Maria Brito (MB).
O negócio expandiu-se e em
1904 aumentou a produção ao adquirir grandes tachos a vapor de origem inglesa
que no livro Impressões do Brazil no Século
Vinte, editado em 1913, era elogiado como sendo todo moderno dos
fabricantes Joseph Backer & Sons e Blicer, movido por um motor a vapor e um
outro da fábrica Crossley Bros. Ltd. movidos a vapor pelas caldeiras do
fabricante G. Fletcher. Anexo à fábrica surgiu também uma latoaria que fazia as
latas para a goiabada, terminado assim a tradição do «tijolo de goiaba», mais
escuro e seco.
O casal Brito |
Fotografia tirada da internet |
Quando em 1910, apresentou
os seus produtos na Exposição Internacional de Bruxelas, onde ganhou um prémio,
produzia já, além da goiaba, massa de tomate. A esta pequena produção iria
seguir-se o desenvolvimento da cultura do tomate na região e uma capacidade
maior de produção de massa de tomate ao
que se seguiria, em 1928, a produção de “extracto” de tomate, tornando-se no
principal produtor do Brasil, para a qual contribuíram já os seus filhos
Cândido e Joaquim.
Apesar
desta actividade só em 1916 foi constituída a sociedade com a denominação de
Carlos de Britto & Cia e apenas em 1938 foi feito o registo de «Grandes
Fábricas Peixe».
Foi também nesta década de
1930, de grande desenvolvimento do Munícípio de Pesqueira, que surgiu a
publicidade aos produtos da Fábrica Peixe no Almanach Tico-Tico de que se
mostram imagens.
Em 1948 a firma Carlos Brito & Cª transforma-se em sociedade anónima mostrando já necessidade de entrada de outros capitais e a partir daí entrou em linha descendente. Em Fevereiro de 1998, o Grupo Bombril-Círio adquiriu e iniciou sua recuperação, que seria breve porque no final do ano a fábrica seria novamente fechada.
Em 1948 a firma Carlos Brito & Cª transforma-se em sociedade anónima mostrando já necessidade de entrada de outros capitais e a partir daí entrou em linha descendente. Em Fevereiro de 1998, o Grupo Bombril-Círio adquiriu e iniciou sua recuperação, que seria breve porque no final do ano a fábrica seria novamente fechada.
Era o fim de uma época de
desenvolvimento local, que havia levado ao aparecimento de outras fábricas contemporâneas de doces como a Rosas, Tigre, Touro, que também terminaram.
Quanto à «Goiabada Peixe» desapareceu
mas o seu impacto foi tal que ficou na literatura brasileira o registo dos
elogios ao seu gosto, perpetuado por vários escritores que a ela se referiram
como sendo a melhor. PS: Nalgumas das folhas de publicidade é visível a assinatura «J.C.» de José Carlos de Brito e Cunha (1884-1950), um dos melhores designers gráficos da época.
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