Esta foto pertenceu ao espólio de Félix Correia (1901-1969) que foi jornalista do diário A Monarquia em 1918. Foi colaborador do jornal A Revolução (1922-1923) e director do mesmo a partir do 12º número.
Apesar deste currículo a razão porque comprei esta fotografia foi mais prosaica. Na foto, o jornalista à esquerda, acompanhado por um colega não identificado, apresenta-se sentado a uma mesa de café. Adivinha-se o final de uma refeição, no momento mais repousante do café. A fotografia, tirada por um terceiro elemento não visível, mostra-nos sobre a mesa três tipos de copos. Os copos altos de água que acompanhavam o café, os pequenos copos destinados à bebida alcoólica (aguardente ou brandy) e um terceiro tipo para o café.
Os copos de vidro para café foram usados durante bastante tempo e eram habitualmente de vidro grosso, apresentados sobre um prato, também em vidro, como no caso presente ou, mais tarde, em porcelana ou inox. Por volta dos anos 50 o cliente ainda podia escolher, nalguns cafés, se desejava o café servido em copo de vidro ou em chávena de louça, havendo defensores das duas modalidades. Um outra variante nacional era a apresentação do copo dentro de uma base em cortiça para proteger as mãos do calor da bebida. Talvez ainda alguns se lembrem do café servido no Café dos Pretos , que existia na Feira Popular de Lisboa, onde este tipo de copos era a regra.
O que mais me surpreendeu nesta foto foi o modelo do copo de café, pouco frequente. Habitualmente eram usados copos grossos, facetados, de base e bocal redondo. O modelo aqui apresentado, de que consegui arranjar um exemplar, era utilizado, quando em dimensões menores, para servir licor, sendo habitualmente de cores suaves, rosa , azul ou verde.
Um registo interessante de um momento pós-prandial, conhecido por «café», com pormenores ignorados pelos mais novos.
7 comentários:
Só a sua postagem me fez lembrar os copos de café. Vim para Lisboa em 1950 e recordo bem o empregado do café perguntar em "chávena" ou "copo". Mas são daquelas coisas que, com o decorrer dos anos, esquecemos completamente.
Meus cumprimentos,
Manuel Tomaz.
Olá Ana
lembro-me tão bem do Café dos Pretos, na Feira Popular. Serviam os cafés dentro de umas bases em cortiça, para não se queimarem os dedos.
Belos tempos!
if
Manuel Tomaz e IF
Eu também não sabia que me lembrava destas coisas mas quando nos reencontramos com elas surgem-nos no consciente.
ok , eu nasci em 1962 e ainda me lembro do meu avô beber café na Tamar , em Setúbal , nos ditos copos de vidro. Mas essa memória só foi avivada depois de ler o seu "post".
Obrigado pela recordação
Diogo,
Fico feliz por o ter ajudado a abrir uma gavetinha do seu cérebro.
Um abraço
Realmente,tenho mais dez anos que o Diogo,já não me lembrava do copo de vidro para beber o café e agora reparo não vejo o ubíquo açucareiro.
Obrigado por estas lembranças.
Cumprimentos.
José
José,
Observador como sempre. O açucareiro adequado seria em metal em forma de meia esfera assente numa base e com a tampa horizontal com dobradiça central.
Tenho alguns exemplares.
Um abraço
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