Foi ao caminhar por Alfama que descobri a Casa Alves que é uma mercearia de bairro, daquelas que todos gostávamos de ter perto de nossa casa. Fica situada na rua S. João da Praça, 112, perto da Sé de Lisboa e vende todos os produtos que esperamos encontrar neste tipo de mercearias, incluindo frutas frescas e vegetais.
A empresa tem a designação comercial José António Alves, Lda e foi fundada pelo avô do antigo proprietário, o sr. José Alves, agora com 61 anos, que se mantém ao serviço.
Fundada há mais de 60 anos já existia no local com a mesma função de mercearia e armazenista, tendo anteriormente pertencido a um senhor de apelido Leitão.
O actual proprietário, que seguiu as pisadas do avô e do pai, ampliou as instalações há cerca de 30 anos, reduzindo a zona de armazém e aumentando o espaço de venda ao público. Manteve a traça e os móveis pintados com tinta de óleo creme, onde expõe os produtos.
Ao fundo pode ver-se um painel pintado, em dois tons de verde, onde está escrito «Casa Alves a melhor do bairro» seguida do endereço telefónico da época. As portas que separam o espaço comercial do armazém apresentam-se também em vidro pintado, nos mesmos tons, onde se pode ler: «Casa especializada em Chás, Cafés e Mercearia Fina».
O café mencionado é o Café São João, que se destinava a ser bebido: «De Dia e ao Serão. Moído na Ocasião» e de que existe um painel pintado com a representação de uma ilha com árvores de cafezeiros. Será talvez a imagem de S. Tomé, na imaginação de A M Cordeiro que assina o quadro, um vez que era este um dos locais de origem do café, que era misturado com café de Angola, para fazer uma mistura própria da casa.
Era moído na grande máquina que se pode ver no espaço da montra e que, juntamente com a bomba de azeite e alguns outros objectos, constitui uma espécie de pequeno museu da mercearia. O moinho de café é de origem portuguesa e foi feito por André de Almeida, com fábrica na rua da Cozinha Económica, 7, em Lisboa.
A Casa Alves é um bocadinho da Lisboa antiga que persistiu para alegria dos clientes habituais e nosso deleite.
2 comentários:
Nos anos 50 fui "enviado" da província para Lisboa, para trabalhar como marçano numa mercearia em Lisboa. Passado algum tempo mudei de ramo, mas sempre fiquei com algo desse tempo ligado às "mercearias". É com alguma nostalgia, dum passado longínquo, que relembro o meu tempo de merceeiro, que hoje em dia, a poucos diz alguma coisa...
Os meus cumprimentos,
Manuel Tomaz
Manuel Tomaz,
Nada me dá mais prazer do que provocar essas sensações com as coisas simples que escrevo. Cumprimentos
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