De um lote de caixas de doces que adquiri recentemente chamaram-me à atenção as referentes a doçaria de Tomar. Surgiu-me imediatamente a vontade de lá voltar e constatar se ainda existiam as mesmas casas e que alterações tinham surgido nas embalagens. Se os doces sofreram alterações só quem então os provou os pode agora comparar, mas é possível que tenham mantido as suas características, a avaliar pelo sucesso que mantém.
As caixas de doces provinham de várias pastelarias nabantinas como a Primorosa, A Veneza e a Estrelas de Tomar. Esta última casa comercial surgiu em 1960, na Rua Serpa Pinto, 12, em Tomar. A seu lado, no nº 8, fazendo esquina, situava-se uma outra pastelaria famosa "A Primorosa de Tomar" de Diogo & Filhos, que fechou em 1986, e que ocupava o piso térreo do edifício onde hoje está a Casa de Vieira Guimarães.
Falemos então das embalagens e doces da ainda existente Pastelaria Estrelas de Tomar que se tornou famosa por doces como «Beija-me depressa», «Estrelas de Tomar», os «Queijinhos de Tomar» e as «Fatias de Tomar». Estas últimas são vendidas em frasco e mantém-se o mesmo rótulo.
Quanto à atraente caixa dos «Beija-me depressa», com dois meninos dentro de um coração branco em fundo rosa, não sofreu alterações. Com uma ingenuidade que se contrapõe ao nome e um gosto muito anos 60, o desenho é da autoria de Constantino e as caixas iniciais eram feitas na Tipografia Nabão. Esta empresa, fundada por Mário Gonçalves (Mário "Catorze") e Fernando Maria ("Pimpão"), ardeu em Agosto de 2009.
Quanto à embalagem dos «Queijinhos Doces» apresenta a face superior idêntica, com a imagem da fachada superior da Igreja do Convento de Tomar, mas a cor, anteriormente de fundo verde e desenhos azuis, passou agora para fundo azul claro. Perdeu o nome do autor, por razões que não se podem compreender, e que era Moreira Júnior. Presentemente é feita na Tipografia Tipomar, Lda.
As maiores alterações deram-se na apresentação das «Queijadas Estrelas de Tomar», que eram vendidas numa caixa semelhante à dos queijinhos doces, mas de maiores dimensões e, esta sim, com o fundo azul. Foi substituída por uma atraente caixa com fundo branco e com os elementos em encarnado e azul.
Nela se repete a Cruz dos Templários em bordadura e no centro, a azul, a fachada do convento de Cristo onde se situa a famosa janela manuelina, da sala do capítulo, de autoria de Diogo Arruda.
Vale a pena rever a janela ao natural, um orgulho nacional interiorizado, e reencontrá-la num papel de doces, a acompanhar um café.
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