As festividades do Halloween têm poucos anos em Portugal. Tendo como base as tradições irlandesas, de origem céltica, foram absorvidas pela cultura americana que lhe conferiu o carácter comercial que hoje é conhecido. Só a industria e comercialização de fatos e adereços ligados a esta festividade calcula-se em milhões de dólares.
Estas celebrações têm-se estendido a toda a Europa, vindo a substituir as festividades existentes nos vários países.
O facto do Halloween serem celebrado a 31 de Outubro e o dia de Todos-os-Santos ser a 1 de Novembro, nada altera, ainda menos numa época de crise em que a própria Igreja admite rever os seus dias santos.
Ligada às festividades do dia de Todos-os-Santos existem rituais e hábitos alimentares que, em Portugal, variam de região para região. Em comum têm o facto de começarem com um peditório feito porta a porta por crianças. Este era feito em forma cantada, variando as melopeias de acordo com as regiões.
Era costume a população responder com a oferta de vários alimentos, de acordo com as tradições da terra e as possibilidades de cada um. Assim, ofereciam maçãs, romãs, castanhas, rebuçados, nozes, bolos, como broas de milho, chocolates e até dinheiro.
Guardadas as ofertas nas suas sacolas as crianças retribuíam cantando uma nova cantilena de agradecimento e elogio aos donos da casa. Nos casos em que os pedidos não eram atendidos, os donos da casa eram igualmente “presenteados” com uma cantilena, mas desta vez insultuosa.
A estes peditórios cerimoniais chama-se pedir o “Pão por Deus” ou «pedir os santorinhos» consoante as regiões. Na região de Coimbra chama-se pedir «bolinhos e bolinhós». Neste caso era tradicional os jovens apresentarem-se com abóboras ocas, recortadas, com uma vela lá dentro, a cantarem a cantilena. Em alternativa utilizavam uma caixa de sapatos, em papelão, em que faziam recortes que semelhavam os olhos, o nariz e a boca, contrastados pela luz da vela. Este costume pagão, que parece ter origens celtas e que foi absorvida pelos romanos, não existe só na Irlanda, mas noutras regiões europeias, como em França.
Lamentavelmente os jovens hoje preferem o Halloween de origem americana às nossas tradições, mesmo quando as origens parecem ser as mesmas e o ritual semelhante.
8 comentários:
É verdade Ana, eu andei de sacola de pano no meu Pão por Deus, com os meus amigos de infância, pois os tempos eram outros e bem mais vividos, com sentimento.
Outro dos costumes, desta época, é a abertura da agua pé e do vinho novo.
Abraço amizade
Carlos Caria
É verdade, Ana. É como o famoso dia dos namorads, outra importação que não tem nada a ver connosco. Não sabia que Bolinhos e Bolinhós faziam parte das nossas comemorações de Todos os Santos.
Bjs
Carlos Caria,
Eu também me lembro de pedir o Pão por Deus.
Um abraço
Sofia,
Escrevi um pequeno texto sobre as tradições alimentares no dia de Todos-os-Santos para a Associação Idade dos Sabores, que há-de aparecer no site.
Falo um pouco mais sobre os Bolinhos e Bolinhós e as cantilenas cantadas às portas.
Um bj
Infelizmente cada vez mais se perdem as nossas tradições. E o sair das aldeias para as grandes cidades em muito contibui para esta grande perda, onde a preocupação é o consumo... e o halloween vende!
Especilmente Gaspas
É por isso que devemos divulgar as tradições e tentar que se não percam.
Um bj
Dia de Finados
Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós
Para dar aos finados
Que estão mortos enterrados.
À porta da bela cruz, truz, truz…
A senhora está lá dentro
Sentada num banquinho
Faz favor de vir à porta
P’ra nos dar um tostãozinho ou um bolinho.
Se derem canta-se:
Esta casa cheira a broa aqui mora gente boa.
Esta casa cheira a vinho aqui mora algum santinho.
Se não derem canta-se:
Esta casa cheira a alho aqui mora algum espantalho.
Esta casa cheira a pão aqui mora algum papão.
Anónimo,
Agradeço o envio das letras das canções, que não introduzi para o post não ficar demasiado grande.
É bom que não sejam esquecidas.
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