Ao olhar para os rótulos de uma cerveja chamada «Perola», um nome que hoje seria altamente improvável ser usado numa bebida, ocorreu-me o título de “Pérolas Publicitárias” para este tipo de rubrica. Para fazer alguma sentido teria pois de começar com a apresentação deste rótulo.
Comecei à procura de informações sobre a empresa que a produziu, a Fábrica de Cervejas Estrella e consegui descobrir que, apesar de já não produzir cerveja, existia ainda agora sob o nome de Companhia de Cervejas Estrela, SA.
Consegui a morada e o nome e telefonei para lá. Tudo parecia bem encaminhado. Falei com uma senhora muito gentil que me disse que quem tinha conhecimentos sobre a antiga fábrica era o senhor engenheiro, que não estava de momento presente. Aconselhou-me a telefonar mais tarde. Quando telefonei fui aconselhada a telefonar noutro dia. Telefonei novamente. O senhor engenheiro estava em viagem. Deixei o meu número de telefone e o endereço do blog, após ter explicado a que se destinava a informação. Durante meses telefonei repetidamente. Há pouco fiz a última tentativa. Novamente não estava, o que me fez compreender que não havia qualquer interesse nesta conversa. Em Portugal existe um sentimento estranho, que faz com que as pessoas não tenham orgulho no passado das suas firmas. Numa época em que as empresas aparecem e desaparecem, seria de crer que, ter dezenas ou centenas de anos no mercado, seria um atestado de boa gestão e honestidade.
Em países como a Inglaterra esse orgulho está bem patente quando vemos uma data, a da fundação, junto ao nome da empresa: «since....».
Mas voltemos aos rótulos de cerveja. O pouco que consegui descobrir foram os “Estatutos da Companhia de Cerveja Estrella” publicados em Lisboa na Imprensa Libanio da Silva, em 1926 e uns outros “Estatutos”, de 1938, publicados igualmente em Lisboa na Tipografia Ramos, que nos permitem datar a fábrica nesse período. Ignoro quando suspendeu a laboração.
Os dois rótulos da «Cerveja Perola», que apresento, correspondem a uma cerveja para exportação e a uma outra para o mercado nacional e são, provavelmente, da mesma época.
8 comentários:
Também gosto de rever publicidade antiga.Ao contrário das marcas que refere(mais gastronómicas)a Ach.Brito,Confiança(saboaria) e a Couto assumiram orgulhosamente o passado e utilizam-no como rejuvenescimento de produtos,ao que julgo,com sucesso.
São bons exemplos os que refere. Em comum têm o facto de terem reavivado o passado, adaptado ao presente e foi essa a razão do sucesso.
Adoro publicidade antiga:) Talvez sobre a história da cerveja conheça alguém que possa ajudar.
E engraçado, também comprei há umas semanas uns lindos rótulos.
Parece-me que somos umas almas gémeas. Tenho seguido os seus post e vejo que temos interesses comuns. Tenho também vários rótulos interessantes que irei mostrando.
Não sabia que tinha havido uma cerveja Perola. É uma pena essa pouca atenção ao nosso passado.
Temos gostos em comum sim. Eu aprecio muito o seu blog, porque a Ana investiga e aprofunda os assuntos. E vou aprendendo sempre alguma coisa.
Abrótano Macho, crecepelo Antiguo Proveedor de la Real Casa
Boa noite,
ao navegar na net tropeço neste blog fantastico e que acho que é um tesouro do conhecimento do que foi ha uns anos atras o quotidiano. Portanto, o passado.
Gostei bastante do que li, talvez por ser um entusiasta da historia e coleccionismo cervejeiro.
Eu mesmo sou coleccionador de copos e mais uns artigos de marcas de cerveja, mais concretamente Portuguesa.
Podem visualisar o meu site em:
www.coposinfashion.gethost4you.com
Cumprimentos a todos e continua!
Mauro Oliveira
Gaia
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