O café foi introduzido em Istambul em 1543 no reinado do Sultão Suleimão, o Magnifíco. Atribui-se essa acção a Ozdemir Pasha, um egípcio da tribo dos Mamelucos, grande responsável por multiplas vitórias otomanas e mais tarde governador Otomano no Iemen, onde aprendeu a degustar esta bebida
No palácio de Suleimão depressa o café se tornou apreciado, estendendo-se esta agrado a toda a corte. Nas famosas cozinhas palacianas surgiu uma nova função: a de “Cafezeiro” Chefe (kahvecibaşı), isto é, a pessoa de confiança para fazer o café do Sultão. A sua importância foi tal que, ao longo da história, muitos dos que exerceram essa função chegaram a Grão Vizir do Sultão.
Como sempre acontece, estes gostos espalharam-se pelas grandes casas e depois pelo público em geral.
Até quase ao final do século XIX os grãos de café eram comprados em grão ainda verde, torrados em casa e depois moídos em pequenos almofarizes. O café era depois fervido lentamente em cafeteiras chamadas "cezve", como já descrevi anteriormente (ver post de 9 de Outubro de 2008).
No final do século XIX um comerciante de nome Mehmet Efendi, herdou por morte de seu pai uma loja de especiarias e de grãos de café. Em 1871, começou a torrar os grãos de café e a moê-lo, vendendo-o já pronto para fazer o café turco.
As pessoas podiam agora fazer com facilidade o café turco, comprado já em pó fino a Kurukahveci Mehmet Efendi.
No palácio de Suleimão depressa o café se tornou apreciado, estendendo-se esta agrado a toda a corte. Nas famosas cozinhas palacianas surgiu uma nova função: a de “Cafezeiro” Chefe (kahvecibaşı), isto é, a pessoa de confiança para fazer o café do Sultão. A sua importância foi tal que, ao longo da história, muitos dos que exerceram essa função chegaram a Grão Vizir do Sultão.
Como sempre acontece, estes gostos espalharam-se pelas grandes casas e depois pelo público em geral.
Até quase ao final do século XIX os grãos de café eram comprados em grão ainda verde, torrados em casa e depois moídos em pequenos almofarizes. O café era depois fervido lentamente em cafeteiras chamadas "cezve", como já descrevi anteriormente (ver post de 9 de Outubro de 2008).
No final do século XIX um comerciante de nome Mehmet Efendi, herdou por morte de seu pai uma loja de especiarias e de grãos de café. Em 1871, começou a torrar os grãos de café e a moê-lo, vendendo-o já pronto para fazer o café turco.
As pessoas podiam agora fazer com facilidade o café turco, comprado já em pó fino a Kurukahveci Mehmet Efendi.
Quando em 1931, Mehmet Efendi morreu, o negócio passou para os seus três filhos que, em 1934, tomaram o nome de "Kurukahveci” para si e para o negócio que dirigiam.
No local da antiga loja, em Tahmis Sokak, mesmo à saída de uma das portas do chamado «Mercado das Especiarias», mandaram construir um edifício nos anos trinta, em estilo Art Deco, projectado por um conhecido arquitecto da época, Zühtü Başar. É nesse local que se mantém a sede e uma loja.
Foi com surpresa que descobri uma fila de compradores que, em silêncio, se aproximavam da janela, já com o dinheiro na mão, e sem necessitarem de palavras, recebiam um pacote de café moído, embalado em papel creme com letras castanhas, onde se encontrava a marca do café.
O movimento da rua é tal que não me foi possível tirar boas fotografias, porque somos empurrados pela multidão, à excepção da fila silenciosa que se desloca junto à parede da loja.
Lá dentro três jovens, de bata castanha, trabalham sem parar. Um introduz o café nos pacotes com uma velocidade vertiginosa, outro fecha o pacote e o terceiro entrega-o ao cliente.
Lá dentro três jovens, de bata castanha, trabalham sem parar. Um introduz o café nos pacotes com uma velocidade vertiginosa, outro fecha o pacote e o terceiro entrega-o ao cliente.
Já no aeroporto encontrei este pacote metalizado e caixas com apresentação Art Deco, com o mesmo produto que havia visto à venda. Identifiquei o logótipo e comprei um pacote para descobrir a sua história.
Hoje esta empresa que começou com uma pequena loja, tem representações em vários países, onde a apreciação pelo café turco se mantém.
Pessoalmente fiquei contente por ter descoberto um local importante na história do café, por acaso, talvez pelo cheiro, sem guia turístico e por ter sido capaz de “colar” as pontas soltas desta história de sucesso.
Duas formas de apresentação do café, que ostentam a data de 1871.
4 comentários:
Bem, estou farta de aprender coisas neste blogue, desde a tarte Tatin ao café turco. Adoro tarte Tatin, sobretudo com maçã reineta porque lhe dá um travo um pouco ácido que corta o sabor doce. Em contrapartida não gosto muito do café turco. Fica cheio de borras depositadas no fundo da chávena, o que é bastante desagradável. Achei o faisão da foto tão bonito que teria sido incapaz de comê-lo.Acredito que estivesse uma delícia, mas depois de olhar para ele assim "todo inteiriço" acho que preferia uma pizza da tele-pizza. Agora, quanto ao banquete do faisão, aquilo que se vê na foto, não é um faisão mas sim um pavão: tem crista e o leque aberto. Só pode ser um pavão.E duvido que o tenham comido, já que o pavão foi sempre um animal com grande valor simbólico ao longo dos séculos e que eu saiba nunca serviu para grandes manjares. Ou estarei enganada? Santa ignorância!
Isabel Kiki
Sobre o café escreves tu. Mas gostaria de desenvolver um pouco mais sobre o seu introdutor nos costumes turcos, Özdemir Pasha.
Özdemir Pasha era, como dizes, um mameluco, mas os mamelucos não eram uma tribo, mas sim a casta militar dominante no Egipto. Era composta por escravos que eram comprados para ser incorporados no serviço militar onde normalmente os mais dotados e ambiciosos de entre eles ascendiam na hierarquia. Para os tornar uma casta os escravos eram comprados fora do Egipto e, por isso, Özdemir era quase de certeza de uma origem externa ao Egipto.
O que Özdemir (Pasha é um título honorífico) tem de interessante para a história portuguesa é que, como governador da província otomana da Habesh que se estendia até ao Iémen e à embocadura do Mar Vermelho, ele era o grande inimigo dos Vice-Reis portugueses do mesmo período.
A Isabel Kiki tem razão quanto ao animal da gravura que é na realidade um pavão. Já não tem quando pensa que o mesmo não era comido, porque na Idade Média não faltava nos banquetes. E quando o vemos com plumas não quer dizer que está vivo. Na realidade era assado com a cabeça envolvida em panos molhados e revestidos no fim com as suas plumas
O A. Teixeira sabe muito mais de estratégias militares do que eu. Na realidade Ozdemir Pasha se teve para nós esta acção benéfica de divulgação do café, foi por outro lado um obstáculo aos anseios de expansão dos portugueses na zona do Oceano Índico. Bem conhecido dos portugueses do século XVI, pelas derrotas que infligiu foi, em termos de temática deste blog, um "dificultador" no comércio das especiarias feito pelos portugueses.
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