A apresentação da manteiga à mesa foi sempre mote para uma manifestação de requinte.
A manteigueira, o objecto mais usual para a sua apresentação, foi modificando as suas formas ao longo dos séculos.
No século XVIII a manteiga era uma raridade e só surgia em mesas ricas, habitualmente servida em manteigueiras de prata. A forma mais comum era em concha, mas outras foram utilizadas. Depois surgiram manteigueiras em porcelana ou em vidro, com formas e dimensões variadas.
A manteigueira individual de pequenas dimensões foi também usada durante o século XX.
Mas o uso de objectos que a permitiam moldar e dar-lhe formas variáveis levou à sua apresentação em pratinhos. Deste modo a manteiga era valorizada pela sua forma e não pelo recipiente que a continha.
E assim a manteiga surgia na mesa com a forma de flor ou outra. Mas a apresentação mais divulgada foi a de bola raiada.
Mas o uso de objectos que a permitiam moldar e dar-lhe formas variáveis levou à sua apresentação em pratinhos. Deste modo a manteiga era valorizada pela sua forma e não pelo recipiente que a continha.
E assim a manteiga surgia na mesa com a forma de flor ou outra. Mas a apresentação mais divulgada foi a de bola raiada.
Era feita com uma pequena espátula com sulcos ou com uma argola de bordo ligeiramente cortante e recortado.
Em Portugal é conhecida como «raspador de manteiga», designação que fica muito aquém do francês «cocquilleur à beurre» ou do inglês «butter curler», que nos dão imediatamente a ideia do que se consegue com o objecto. Se eu pudesse inventar um nome chamava-lhe encaracolador de manteiga e este problema ficava resolvido.
Toda esta conversa não tem outro fim do que introduzir um tema que de outro modo não conseguiria justificar neste blog: o Bazar de S. Paulo fechou.
O último proprietário, o sr. Domingos, trabalhou na loja durante 12 anos. Há tanto tempo como eu vivo na zona, o que me fazia pensar que ele estava lá desde sempre. Mas antes dele trabalhou lá o sr. Joaquim Matos durante quase 50 anos. Desconheço quem o antecedeu e só o descobri num site sobre lojas antigas num projecto fotográfico de Luísa Ferreira (1994-2001).
Quando vim morar para aqui não sabia o nome da loja e chamava-lhe o «Tem tudo». Dei-lhe este nome porque num pequeno espaço e usando apenas um armazém como retaguarda, tinha realmente tudo o que necessitamos em casa.
Ainda lhe comprei algumas coisas de cozinha. Quando vi este raspador de manteiga disse-lhe que queria um.
A caixa estava cheia e respondeu-me: «Nunca soube para que isso servia. Por isso é que nunca os vendi».
Se a loja ainda estivesse aberta eu sei que ele ia ter alguns novos clientes.
Fechou no dia 23 de Dezembro, como aconteceu nos últimos tempos com muitas das antigas e interessantes lojas da Rua de S. Paulo, que a tornavam tão castiça. Senti pena.
Se a loja ainda estivesse aberta eu sei que ele ia ter alguns novos clientes.
Fechou no dia 23 de Dezembro, como aconteceu nos últimos tempos com muitas das antigas e interessantes lojas da Rua de S. Paulo, que a tornavam tão castiça. Senti pena.
2 comentários:
É esta Lisboa qu'eu amo a definhar, como se fosse velha.
Amava...!
Felizmente já não falta muito para vermos 'isto' transformado em Élei ou em Bróduei
(se calhar é com ipsilon...)
Desculpa.
... em Brouduei
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