quinta-feira, 18 de junho de 2020

Encontros felizes Nº 2 – O livro «Entre a terra e o mar»


Há já algum tempo que me apetecia escrever uma rubrica intitulada “Encontros felizes”, onde pudesse falar sobre coisas simples que nos dão prazer.
Foi hoje a vez de falar sobre um livro simples que noutras mãos teria passado despercebido. Tive a sorte de me ter calhado uma edição belíssima forrada a chita preta com flores, que diríamos de gosto feminino, com os rótulos em prateado e as letras impressas em azul. No centro vem colada uma gravura, quase como um cromo colorido, com um barco de pescadores a entrar no mar.
Não encontrei edições idênticas e as poucas que vi, apresentam uma capa branca com a gravura impressa, o que me faz pensar numa edição especial, embora tal não seja mencionado. Publicado em 1933, é uma edição de autor que, como eu bem sei, permite sempre outras liberdades que não são aceites pelos editores.
Sobre o autor Vergílio Guerra Pedrosa, pouco consegui saber embora tenha uma rua com o seu nome em Leiria de onde era natural. Pelo que consta no livro foi professor, licenciado em Letras e em Direito e escreveu vários livros sobre escolas e ensino. 
Mas escreveu também «O Rio Liz e o porto de pesca da Praia de Vieira» e «Praias de Portugal- Peniche». Este livro resulta da compilação de crónicas feitas durante as férias e inicialmente publicadas no jornal «O Mensageiro», de Leiria.
As fotografias incluídas no livro são também da sua autoria e foram elas que mais me impressionaram. Retratam a vida de uma comunidade piscatória na Praia de Vieira, com as suas habitações próprias e as actividades ligadas ao mar. Estão documentadas as figuras típicas que faziam parte da população local, com as suas alcunhas.
Pode ver-se a partida dos homens para o mar, mas também a sua actividade em terra. Revela-se o importante papel das mulheres e das crianças que aguardam a chegada dos barcos e ajudam na descarga do peixe, ou que exercem outras actividades com a venda das camarinhas apanhadas no pinhal de Leiria, até há pouco tempo, imagem que foi a primeira que captou a minha atenção.
Mas não resisti a mostrar outras imagens de um mundo desaparecido que, felizmente, alguém fixou para nós. Espero que gostem.

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