Tenho este pequeno pote de louça há vários anos.
A pequena cartela, a azul, com as palavras “BUL-BUL” permaneceu para mim uma incógnita. Quando há alguns meses uma pessoa que tinha um destes potes para vender me perguntou se eu sabia o que era, tive que confessar a minha ignorância. Só há cerca de uma semana o mistério se esclareceu.
É verdade que estava arrumada ao lado de outros potes de iogurte e que eu nutria a vaga esperança de que pertencesse à mesma classe. Talvez porque “BUL-BUL” me remetia para a palavra bulgaricus usada para os lactobacillus que, juntamente com os streptococcus thermophilus, são responsáveis pela coagulação e acidificação (transformação da lactose em ácido láctico) do leite, transformando-o em iogurte.
Este fenómeno era conhecido, de forma empírica, pelos povos nómadas das regiões da Ásia central que transportavam o leite fresco em sacos feitos de pele de animais o que, juntamente com o calor, o transformava num alimento coagulado.
À Europa o iogurte só terá chegado no século XVI, trazido do Império otomano e daí a etimologia turca da palavra.
Quanto a Portugal não sei ainda dizer concretamente quando foi conhecido, mas em 1910 a Nutrícia de Lisboa já tinha, entre os seus alimentos higiénicos, o «Lactofermento, uma cultura seleccionada de bacillus búlgaros e paralácteos».
Quanto à comercialização do iogurte no nosso país é mais difícil definir uma data. O «Bul-Bul» foi contudo um dos primeiros iogurtes a ser registado como marca, em 1943, pela cidadã inglesa B. Sacks residente em Lisboa, na Rua do Ataíde, Nº 26.
O pedido de registo, feito inicialmente para iogurtes, sucos de carnes, compotas de frutas e geleias, foi posteriormente, por necessidade de ser incluído numa classe, apenas registado para iogurte.
Mais interessante é o facto de o pote manter ainda a sua tampa primitiva e de ter no fundo a marca, onde se pode ver que foi feito na Fábrica de Sacavém, no período Gilman & Co.
12 comentários:
Acerca de recipientes de loiça em iogurtes lembro nos anos cinquenta
os Iogurtes Veneza cuja tampa era cartonada e selada por película celulósica.
Cumprimentos.
José
Também os recipientes do Yoghurt VENEZA eram produzidos pela fabrica de Louça de Sacavém.
Igualmente famosos mas mais raros foram os Yoghurtes ALPINA cujos recepientes foram produzidos pela Vista Alegre.
Abraço
Carlos Caria
José,
Sobre os iogurtes Veneza falarei noutra altura. Tenho exemplares em louça e em vidro, mas quanto à tampa cartonada já não me consigo recordar.
Cumprimentos
Carlos Caria,
Confirmo as suas palavras e agradeço as suas informações sempre pertinentes.
Um abraço.
Ana se precisar de Imagens dos diversos tipos de embalagens do Veneza, e Alpina é só dizer.
Obrogado
Carlos Caria
Carlos Caria,
Agradeço-lhe a disponibilidade. Tenho também alguns é uma questão de vermos se são os mesmos ou outros.
Um abraço
Olá Carlos e olá Ana,
permitam-me entrar na "conversa", até porque o assunto me é muito caro.
Também eu sou "juntador" deste tipo de peças e também tenho alguns exemplares de Veneza (loiça e vidro).
Estou disponível para trocar fotos, informações e opiniões que julguem pertinentes.
Obrigado pela vossa partilha,
Daniel
Daniel,
Em relação aos iogurtes Veneza gostaria de saber se tem algumas informações sobre a empresa em si.
Se quizer responda-me por mail para garfadasonline@gmail.com.
Obrigada
Alguem me pode ilucidar, se os copos de iogurte veneza(fabrica de louça de sacavem),tinham tampa em louça? E fotos alguem pode partilhar?obrigado
Anónimo,
Os copos de iogurte Veneza não tinham tampa e o feitio do gargalo mostra que esta não se adaptava. Os que tinham tampa eram os frascos, tambem em louça, de iogurte Vigor e da Florina.
Gosto destes recipientes antigos, que vou juntando. Encontrei recentemente um de iogurte "Produtos Florinda - O melhor iogurte do oriente", num potezinho das Loiças de Sacavém. Era Marca registada e fabricada em laboratório, na Rua Luís Gomes, Amadora.
Miguel Abreu,
Também tenho um exemplar do iogurte Florina. Gostava de falar nele mas tenho pouca informação. Há alguns anos conheci um descendente do fabricante num jantar e escrevi uns apontamentos num papel. Infelizmengte perdi-o. Cumprimentos.
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