domingo, 6 de março de 2011

Leque Publicitário de Vidago e Pedras Salgadas

Júlio César Machado na introdução ao livro de Ramalho Ortigão “Banhos de Caldas e Águas Minerais” afirmava: «D’antes o costume em Portugal, nos meses de verão, era tomar ares». O livro foi publicado em 1875 e nele se dizia que era difícil alguém distrair-se em Lisboa de Abril a Outubro.
A solução passava então pela ida às “caldas”, como então se chamavam as termas. Estas conciliavam tudo: «Mudança de ares, exercício ameno, banhos, copinho, peregrinação, entretenimento, vita nueva». Esta moda intensificou-se no final do século XIX e início do século XX com a presença da família real. D. Luís esteve no Vidago, em 1875, e D. Fernando em 1884. Em 1906 foi a vez do rei D. Carlos que esteve instalado em Pedras Salgadas para tratamento de águas.
A Companhia das Águas de Vidago foi instituída em 1870 e nas décadas seguintes a fama dos efeitos terapêuticos das águas da região não parou de aumentar. Para acompanhar esta procura foram construídos vários hotéis e pensões que davam apoio às termas.
Em Vidago o primeiro hotel a ser construído foi o Grande Hotel de Vidago que foi inaugurado em 1874.
Em 1910 foi inaugurado o Vidago Place Hotel e em 1918 o Hotel Salus, que mais tarde se passou a chamar Hotel do Golf.
São estes os três hotéis representados no leque onde se designava Vidago como a «Vichy portuguesa», numa alusão à qualidade das suas águas alcalinas. Na face do leque que publicita estes hotéis pode ver-se que para além do tratamento das doenças do estômago os veraneantes podiam também distrair-se no campo de golf ou ainda na praia fluvial.
No outro lado do leque estão representados os três principais hotéis de Pedras Salgadas, «a estância da alegria»: o Hotel Avelames, o Hotel do Norte, o Grande Hotel e ainda a Pensão do Parque. Nesta face divulgava-se também a existência do casino, ténis, patinagem, o lago e a possibilidade de fazer hipismo.
Foi a partir dos anos de 1910-1920 que começou este tipo de propaganda que apresentava Vidago como sendo a "Vichy portuguesa”.
Esta ideia viria a manter-se durante algumas décadas, de tal modo que, em 1949, foi apresentada uma “Marcha de Vidago”, com letra do Padre Adolfo Magalhães, cujos versos diziam: «Ai, o Vidago, Vichy portuguesa, cheia de beleza, termas sem rival,...».
Nota:
Para mais pormenores sobre este tema consultar os blogues:

4 comentários:

Carlos Caria disse...

Quase todos estes hoteis estão representados nos copos de aguas termais, seja sob a forma de gravura ou pintura a oleo.
É de salientar que o transporte para os banhos na praia fluvial de Vidago, eram feitos em burricadas, cujos posrais da época bem representam.

Ana Marques Pereira disse...

Carlos Caria,
Esqueci-me da sua bela colecção de copos das termas de que teve a amabilidade de me enviar algumas fotos.
Prometo utilizá-los num próximo post sobre este tema.
Um abraço

Carlos Caria disse...

Ola Ana, se quiser sobre Pedras e Vidago, posso enviar fotos dos meus copos, ou de outras termas, e em outros postes sobre esta temática, e que eu tenha no meu espólio, pois não tenho da maior parte das termas deste país.
Abraço
Carlos Caria

Ana Marques Pereira disse...

Carlos Caria,
Obrigado pela sus disponibilidade.
Um abraço