segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O Louvor do Sal

Ó Sal, pedrinha estimada,
Que vais à mesa do rei,
Não te conheço soberbas,
por isso te louvarei!

Tu és o mesmo p’ra todos,
Linda gotinha de neve.
És p’ra nobreza em palácio
O que és p’ra um triste almocreve.

Pode na casa do pobre
não haver luz, faltar pão,
andar por fora a saúde,
mas lá o Sal é que não!

As naus antigas do Quinto
Traziam pedras custosas.
Pouca valia era a delas
Ao pé daquela que gozas.

Contigo um prato de açorda
Sabe a um divino manjar...
Sem ti, que são iguarias?
Só servem p’ra enfastiar!
António Sardinha
Epopeia da Planície. Poemas da terra e do sangue.
1915

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