terça-feira, 10 de junho de 2025

Um cartão pop-up

 

À primeira vista parece um cartão normal, com uma temática infantil, a Branca de Neve e os Sete Anões, acentuado pela letra de menina que escreveu nele o  nome da amiga (“para a Lúcia”).

Quando se abre percebe-se que é uma carteira de agulhas especial. Para a menina, está visto, que devia aprender a cozer e a bordar desde pequenina.  

Ao abri-lo temos a surpresa de visitar o interior da casa onde vive a Branca de Neve e os seus sete amigos. Completa: com o quarto com as caminhas alinhadas, a cozinha com o grande forno e, em relevo, a mesa onde todos se sentam para comer.

Nas costas, acentuando a infantilidade, dois gatinhos que brincam com novelos de lã. 

É nestas alturas que regressamos à infância.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Um “Pantagruel” espelho da alma

 

Este livro em péssimo estado, com lombada arrancada, folhas soltas, etc. suscitou-me várias sensações. Na realidade, só um livro de culinária se permite chegar a este estado. Provavelmente acarinhado no início, foi tantas vezes consultado que se desmoronou.

Dificilmente um romance sofre um estado de degradação semelhante, ainda que lido várias vezes. E se tal acontecesse seria descartado. Mas os livros de culinária estão habituados a tractos de polé. Consultados em ambiente hostil como é uma cozinha, próximos de alimentos, raramente escapam à aquisição de nódoas. Muitos chegam-me à mão bastante deteriorados, a necessitar de encadernação e transformam-se em belezas. Mas neste estado, acho que nunca vi.

Como a minha saúde não tem sido a melhor, olhei para ele e solidarizei-me com o seu estado. Este vai ficar assim. Fica na classe dos “atados” que ultimamente me têm chegado à mão: atados de receitas; atados de cartas, etc. Uma união espiritual de semelhantes. Já sei que vão pensar que não é o que se espera que se diga de um velho livro de receitas. São dias.