A fotografia não traduz bem a beleza desta placa publicitária a uma «machina de picar carne».
A placa, em metal pintado, apresenta a imagem de uma máquina de picar carne, da marca Bolinder’s, de origem sueca. Contudo a placa foi feita na Alemanha para o mercado nacional.
Em 1844, dois irmãos, Jean e Carl Gerhard Bolinger fundaram em Estocolmo uma loja e fundição. Numa fase inicial, esta produziu objectos mais tradicionais, como o fogão em ferro apresentado na foto. Mas tendo estudado no estrangeiro os irmãos começaram nos finais do século a produção de motores, inicialmente a vapor e mais tarde a óleo, ainda hoje famosos, especialmente os destinados a barcos. Em 1932 a empresa associou-se a uma outra concorrente de nome Munktell.
A mudança de nome da empresa permite datar esta placa num período anterior, provavelmente na primeira década do século XX.
A máquina de moer carne foi inventada no século XIX por Karl Drais (1785-1851). Este prolixo inventor alemão ficou sobretudo conhecido por ter criado um modelo de velocípede, de duas rodas em linha, em madeira, chamado “draisine”. Não tinha pedais e foi considerado o precursor da bicicleta. As outras suas invenções também são invejáveis, como uma modelo primitivo de máquina de escrever, e outras, mas a máquina de picar carne não lhe fica atrás.
Em primeiro lugar, porque apesar de hoje nos parecer um objecto banal, só então foi possível conseguir transformar a carne em fragmentos de dimensões semelhantes. Os vários filtros perfurados de dimensões variáveis, movíveis permitem adaptar a máquina às necessidades do momento.
Vários modelos de máquinas surgiram ao longo dos anos, e a Bolinder’s não foi seguramente a mais divulgada no nosso país
As principais máquinas vendidas em Portugal eram da marca Spong, de origem inglesa, embora existissem também máquinas nacionais.
O mais impressionante nesta história é que, apesar da evolução dos tempos, da transformação deste tipo de máquinas, de manual para eléctricas, o modelo e o conceito não se alteraram. Mais de um século depois continuamos a usar a invenção de Karl Drais, o que é um feito em si.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
O chocolate e a Igreja
Antonio de Pereda
Durante o século XVII um dos temas muito debatidos pela Igreja foi se o chocolate como bebida interrompia ou não o jejum.
A discussão foi sobretudo fervorosa em Espanha, cuja corte foi a primeira a adoptar a bebida desde os finais do século XVI. A grande questão era saber se o chocolate era uma bebida ou um alimento.
Os padres que se encontravam nas colónias espanholas, em especial os jesuítas, baseavam-se nas teoria de S. Tomas de Aquino em que apenas os alimentos sólidos podiam interromper o jejum. Um deles, o padre Petrus Martyre de Angleria, enviou, logo em 1523, ao papa Clemente VII, um relatório elogioso ao chocolate considerando-o uma bebida «feliz e sã». Realçava também o facto de os grãos do cacau servirem de moeda de troca não permitindo a avareza, porque não duravam muito tempo.
Mais tarde o Papa Pio V adoptou também essa teoria. Saliente-se que devia ser parte interessada, uma vez que foi este papa quem teve à frente das sua cozinha privativa Bartolomeo Scappi, autor de “Opera...”, célebre livro de culinária, publicado em 1570.
Também o cardeal Brancacio, de Roma, considerou que a sua ingestão não interrompia o jejum, tal com afirmou Dufour no «Traitez nouveaux et curieux du café, du thé et du Chocolate», publicado em Lion, em 1685.
Luis MelendezA discussão foi sobretudo fervorosa em Espanha, cuja corte foi a primeira a adoptar a bebida desde os finais do século XVI. A grande questão era saber se o chocolate era uma bebida ou um alimento.
Os padres que se encontravam nas colónias espanholas, em especial os jesuítas, baseavam-se nas teoria de S. Tomas de Aquino em que apenas os alimentos sólidos podiam interromper o jejum. Um deles, o padre Petrus Martyre de Angleria, enviou, logo em 1523, ao papa Clemente VII, um relatório elogioso ao chocolate considerando-o uma bebida «feliz e sã». Realçava também o facto de os grãos do cacau servirem de moeda de troca não permitindo a avareza, porque não duravam muito tempo.
Mais tarde o Papa Pio V adoptou também essa teoria. Saliente-se que devia ser parte interessada, uma vez que foi este papa quem teve à frente das sua cozinha privativa Bartolomeo Scappi, autor de “Opera...”, célebre livro de culinária, publicado em 1570.
Também o cardeal Brancacio, de Roma, considerou que a sua ingestão não interrompia o jejum, tal com afirmou Dufour no «Traitez nouveaux et curieux du café, du thé et du Chocolate», publicado em Lion, em 1685.
Mas em Espanha, ao longo do século XVII, a questão foi largamente debatida.
Embora de um modo geral fosse aceite que o chocolate como uma bebida, a única forma então divulgada de o consumir, não interrompia o jejum, as opiniões não eram unânimes.
Antonio de Leon no livro «Question moral si el chocolat quebranda el ayuno eclesiatico», publicado em Madrid, em 1636, relator do Real Conselho das Índias, depois de descrever várias opiniões emitidas pelo representantes do Santo Oficio da Inquisição e do geral dos Descalços da Ordem de São Francisco, opunha-se à sua ingestão, por o considerar demasiado nutritivo.
Embora de um modo geral fosse aceite que o chocolate como uma bebida, a única forma então divulgada de o consumir, não interrompia o jejum, as opiniões não eram unânimes.
Antonio de Leon no livro «Question moral si el chocolat quebranda el ayuno eclesiatico», publicado em Madrid, em 1636, relator do Real Conselho das Índias, depois de descrever várias opiniões emitidas pelo representantes do Santo Oficio da Inquisição e do geral dos Descalços da Ordem de São Francisco, opunha-se à sua ingestão, por o considerar demasiado nutritivo.
Leonardo da Vinci "A Anunciação"
Ainda no início do século XVIII, o padre Labat na «Nouveau Voyage aux Isles Françoises d’ Amerique» defendia a mesma teoria , censurando os padres que nas ilhas permitiam o consumo dessa bebida aos seus fiéis, em período de jejum, desde que a ela não fossem adicionados ovos ou leite.
Mas era tarde, a bebida já se havia disseminado, inclusivamente pelos conventos e mosteiros espanhóis,onde à semelhança da corte, era muito apreciada.
A próxima discussão seria a dos seus efeitos médicos. Sobre isso falaremos noutra ocasião.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Um painel de azulejos das Bolachas Nacional
Apresenta-se a imagem de um painel publicitário em azulejo, existente na fachada de uma padaria na Coimbra antiga.
O painel publicita bolachas da Nacional e, como se consta num dos cantos, foi produzido pela Fábrica Aleluia.
Infelizmente encontra-se maltratado, atravessado por um tubo e “decorado” com autocolantes.
Em 1905 João Aleluia, inicialmente com quatro amigos e mais tarde sozinho iniciou um projecto da Fábrica Aleluia. Situada no Largo dos Santos Mártires, em Aveiro, passou em 1917 para a Rua do Cais da Fonte Nova, igualmente em Aveiro.
Em 1922 a empresa passou a ser denominada Aleluia. Em 1935 morre João Aleluia, mas a fábrica continua em laboração sob a acção da viúva e dos dois filhos, Gervásio e Carlos, que, em 1941 constituem a firma Aleluia & Aleluia.
Com a aquisição da empresa Olarias Aveirense para além da produção de azulejos, passaram a produzir artigos sanitários.
São dos anos 40-60 as interessantes produções em cerâmica decorativa hoje difíceis de encontrar. São também dessa época vários painéis publicitários que até há poucos anos se podiam encontrar dispersos pelo país e que, a pouco e pouco, foram desaparecendo.
Este painel com as bolachas da Fábrica Nacional é um desses exemplos.
A fábrica Nacional fundada em 1849 por João de Brito, obteve da rainha D. Maria II, autorização para a utilização da marca Nacional nos seus produtos. Em 1879 os herdeiros do fundador constituem a empresa com o nome de Companhia Nacional de Moagem. Nessa data os cereais passaram a ser utilizados para a produção de massas e bolachas.
A partir dos anos 40 houve um investimento em publicidade dos seus produtos.
No painel publicitário agora apresentado, concretiza-se o feliz encontro de duas fábricas centenárias nacionais, daquelas que os portugueses sentem orgulho: a Aleluia e a Nacional.
O painel publicita bolachas da Nacional e, como se consta num dos cantos, foi produzido pela Fábrica Aleluia.
Infelizmente encontra-se maltratado, atravessado por um tubo e “decorado” com autocolantes.
Em 1905 João Aleluia, inicialmente com quatro amigos e mais tarde sozinho iniciou um projecto da Fábrica Aleluia. Situada no Largo dos Santos Mártires, em Aveiro, passou em 1917 para a Rua do Cais da Fonte Nova, igualmente em Aveiro.
Em 1922 a empresa passou a ser denominada Aleluia. Em 1935 morre João Aleluia, mas a fábrica continua em laboração sob a acção da viúva e dos dois filhos, Gervásio e Carlos, que, em 1941 constituem a firma Aleluia & Aleluia.
Com a aquisição da empresa Olarias Aveirense para além da produção de azulejos, passaram a produzir artigos sanitários.
São dos anos 40-60 as interessantes produções em cerâmica decorativa hoje difíceis de encontrar. São também dessa época vários painéis publicitários que até há poucos anos se podiam encontrar dispersos pelo país e que, a pouco e pouco, foram desaparecendo.
Este painel com as bolachas da Fábrica Nacional é um desses exemplos.
A fábrica Nacional fundada em 1849 por João de Brito, obteve da rainha D. Maria II, autorização para a utilização da marca Nacional nos seus produtos. Em 1879 os herdeiros do fundador constituem a empresa com o nome de Companhia Nacional de Moagem. Nessa data os cereais passaram a ser utilizados para a produção de massas e bolachas.
A partir dos anos 40 houve um investimento em publicidade dos seus produtos.
No painel publicitário agora apresentado, concretiza-se o feliz encontro de duas fábricas centenárias nacionais, daquelas que os portugueses sentem orgulho: a Aleluia e a Nacional.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Objecto Mistério Nº 14. Resposta: Separador de Ovos
Como tinha dito este objecto mistério era fácil. As respostas confirmam-no.
É na verdade um separador de ovos. Permite, com grande facilidade, separar a gema da clara, mesmo ao mais desajeitado aprendiz de cozinheiro.
Trata-se de mais um utensílio da marca alemã Westmark. O modelo tem o nome «Dotti» e penso que este exemplar data dos anos 50-60.
Já não se produz, mas há vários modelos que são variações deste.
É na verdade um separador de ovos. Permite, com grande facilidade, separar a gema da clara, mesmo ao mais desajeitado aprendiz de cozinheiro.
Trata-se de mais um utensílio da marca alemã Westmark. O modelo tem o nome «Dotti» e penso que este exemplar data dos anos 50-60.
Já não se produz, mas há vários modelos que são variações deste.
De todos o que mais me agrada é o MSC Yolky, um simpático ovo com patas que permite posicioná-lo em pé. Apresenta-se com outras funções como um pequeno batedor de ovos que uso frequentemente e que um dia lhes apresentarei.
domingo, 17 de janeiro de 2010
Objecto Mistério Nº 14
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Rótulo de Batata Portuguesa
Rótulo para caixas de 30 Kg de batata portuguesa para consumo.
As batatas destinavam-se ao mercado português, mas eram também exportadas como indicam as palavras «pommes de terre» e «potatoes», escritas no cabeçalho.
A firma José Ferreira Botelho & Cª, Lda., embora não me tivesse sido possível confirmá-lo, devia ser pertença de um elemento da família Ferreira Botelho, de Vila Pouca de Aguiar.
Esta família possuía um complexo agrícola no Vale de Aguiar onde se cultivavam batatas até há pouco tempo (ver interessante foto da apanha da batata em ... in movement).
Saliente-se que Trás-os-Montes foi a localização inicial para a cultura da batata em Portugal e a que apresentou sempre melhores condições para a sua produção.
Na Gazeta dos Caminhos de Ferro, de 1 de Maio de 1939, José Ferreira Botelho surge como importador de batatas de semente das variedades Erdgold (ouro da terra), Flava, Earthsilver (prata da terra) e Regina 101, considerando-as como sendo as que permitiam obter melhores resultados. Era também importador de adubo para culturas.
Tinha nessa altura escritório no Porto e em Lisboa.
Em 1963, data a que corresponde o rótulo apresentado, mantinha-se o escritório no Porto, como se confirma pelo «Guia Profissional de Portugal» e em Lisboa, como é confirmado no rótulo.
Pelo menos até 1971 manteve-se a firma em Lisboa, no mesmo local, na Rua Jardim do Tabaco, 29-31, como se constata pelo «Informador Comercial e Industrial de Lisboa», sendo mencionado como comercializando adubos e batatas.
Não me foi possível encontrar qualquer outra informação adicional.
As batatas destinavam-se ao mercado português, mas eram também exportadas como indicam as palavras «pommes de terre» e «potatoes», escritas no cabeçalho.
A firma José Ferreira Botelho & Cª, Lda., embora não me tivesse sido possível confirmá-lo, devia ser pertença de um elemento da família Ferreira Botelho, de Vila Pouca de Aguiar.
Esta família possuía um complexo agrícola no Vale de Aguiar onde se cultivavam batatas até há pouco tempo (ver interessante foto da apanha da batata em ... in movement).
Saliente-se que Trás-os-Montes foi a localização inicial para a cultura da batata em Portugal e a que apresentou sempre melhores condições para a sua produção.
Na Gazeta dos Caminhos de Ferro, de 1 de Maio de 1939, José Ferreira Botelho surge como importador de batatas de semente das variedades Erdgold (ouro da terra), Flava, Earthsilver (prata da terra) e Regina 101, considerando-as como sendo as que permitiam obter melhores resultados. Era também importador de adubo para culturas.
Tinha nessa altura escritório no Porto e em Lisboa.
Em 1963, data a que corresponde o rótulo apresentado, mantinha-se o escritório no Porto, como se confirma pelo «Guia Profissional de Portugal» e em Lisboa, como é confirmado no rótulo.
Pelo menos até 1971 manteve-se a firma em Lisboa, no mesmo local, na Rua Jardim do Tabaco, 29-31, como se constata pelo «Informador Comercial e Industrial de Lisboa», sendo mencionado como comercializando adubos e batatas.
Não me foi possível encontrar qualquer outra informação adicional.
sábado, 9 de janeiro de 2010
Leque Publicitário ao Nescao
O Nescau, um achocolatado de origem brasileira, nasceu com o nome de Nescao. Produzido a partir de 1932, começou a ser vendido em embalagens amarelas e, em data que não consegui determinar, mudou o nome e a aparência da embalagem (ver evolução da embalagem em o Mundo das Marcas).
Este achocolatado foi comercializado em Portugal pela Sociedade de Produtos Lácteos, que comercializava os produtos Nestlé.
A Sociedade de Produtos Lácteos nasceu em Avanca em 1923, tendo como principal sócio o Prof. Egas Moniz, que fundou a primeira fábrica portuguesa de leite em pó, preocupado com a mortalidade infantil.
Mais tarde colaborou com ele o veterinário António Godinho Madureira. Dessa colaboração nasceu uma vacaria modelo, na Quinta do Marinheiro, propriedade de Egas Moniz, para a criação de touros holandeses destinados ao cruzamento com vacas taurinas, de forma a aumentar a produção de leite.
Em 1933 a Sociedade de Produtos Lácteos obteve a exclusividade para a produção e venda em Portugal dos produtos Nestlé. Em 1973 a Sociedade de Productos Lácteos passou a designar-se Nestlé Produtos Alimentares, SARL.
Estes dados fazem-nos situar o leque publicitário ao Nescao nos anos 40-50.
O Nescau nunca teve uma publicidade tão agressiva como o seu concorrente Toddy, razão porque esteve sempre abaixo nas vendas.
Este leque publicitário em que se salienta a possibilidade de utilização do achocolatado, tanto como bebida fria como quente e destinado a todas as idades (crianças, adolescentes, adultos, convalescentes e desportistas), pretendia abrir o «leque» alvo de consumo.
Muito apropriado.
A Sociedade de Produtos Lácteos nasceu em Avanca em 1923, tendo como principal sócio o Prof. Egas Moniz, que fundou a primeira fábrica portuguesa de leite em pó, preocupado com a mortalidade infantil.
Mais tarde colaborou com ele o veterinário António Godinho Madureira. Dessa colaboração nasceu uma vacaria modelo, na Quinta do Marinheiro, propriedade de Egas Moniz, para a criação de touros holandeses destinados ao cruzamento com vacas taurinas, de forma a aumentar a produção de leite.
Em 1933 a Sociedade de Produtos Lácteos obteve a exclusividade para a produção e venda em Portugal dos produtos Nestlé. Em 1973 a Sociedade de Productos Lácteos passou a designar-se Nestlé Produtos Alimentares, SARL.
Estes dados fazem-nos situar o leque publicitário ao Nescao nos anos 40-50.
O Nescau nunca teve uma publicidade tão agressiva como o seu concorrente Toddy, razão porque esteve sempre abaixo nas vendas.
Este leque publicitário em que se salienta a possibilidade de utilização do achocolatado, tanto como bebida fria como quente e destinado a todas as idades (crianças, adolescentes, adultos, convalescentes e desportistas), pretendia abrir o «leque» alvo de consumo.
Muito apropriado.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
A fava e o Dia de Reis
Tornou-se tradição no dia 6 de Janeiro, dos Reis Magos ou Epifania, comer bolo-rei.
Queremos hoje falar no significado da fava. A tradição recente, porque o bolo-rei só chegou a Portugal no final do século XIX, dizia que a quem coubesse a fava devia comprar um novo bolo-rei.
Em diversos países, e desde há vários séculos, a pessoa a quem calhava a fava tornava-se num rei por um dia. Um «rei da fava», como também era chamado por brincadeira. No dia de Reis a família sentava-se à volta da mesa para comer e beber. Era o rei quem devia beber primeiro. Quando tal acontecia gritava-se «o rei bebe» e todos os outros bebiam em seguida.
Em todo eles se pode observar a figura do rei, bem disposto e bem bebido, com uma coroa de papelão na cabeça, cujo modelo se crê ser o sogro do pintor, Adam von Noort, de quem foi discípulo.
Jordaens realizou estas pinturas nos anos 30-40 do século XVII. Embora nalguns quadros o rei seja a figura central, como acontece no existente em Bruxelas, na pintura que pertence agora ao Louvre e na de Viena de Áustria o rei encontra-se numa das extremidades da mesa.
O que é comum a todos eles é o ambiente de festa popular, com alegria e exuberância nos modos. Esta tipo de festa, em que pessoas do povo encarnam a realeza, parece ter as suas raízes na Saturnália ou festas de Saturno, festividade romana em que aos escravos era permitido representar o papel dos seus senhores, assistindo-se a uma inversão da ordem social.
Em todos os quadros desta série a bebida está presente e podem ver-se já os seus efeitos. Para o serviço de bebidas eram usados copos de vidro, com pés elaborados, como era costume nos países baixos, pichéis de estanho e jarros de barro vidrado, elementos de luxo a contrastar com o comportamento pouco formal dos representados.
Sobre a mesa podem ver-se iguarias, salientando-se as talassas, já com os seus alvéolos e as “galettes des rois”, as precursoras do bolo-rei, no interior das quais se encontrava a fava.
Pormenor das talassas à esquerda e das galettes à direita, sobre a mesa
Agora que a Comunidade Europeia nos roubou a fava do bolo, e antes que seja esquecida, é bom recordar a sua simbologia e os momentos de alegria que o seu achado desencadeou ao longo dos séculos.
Estão recordados que, até há 2 ou 3 anos, o bolo-rei ainda tinha dentro um brinde e uma fava. Descobriram um dia que se podiam partir os dentes ao comer uma fatia com estes elementos e foram proibidos. Parece que ninguém pensou na possibilidade de cortar fatias mais finas e detectar os elementos estranhos e assim acabou-se com um hábito divertido.
Queremos hoje falar no significado da fava. A tradição recente, porque o bolo-rei só chegou a Portugal no final do século XIX, dizia que a quem coubesse a fava devia comprar um novo bolo-rei.
Em diversos países, e desde há vários séculos, a pessoa a quem calhava a fava tornava-se num rei por um dia. Um «rei da fava», como também era chamado por brincadeira. No dia de Reis a família sentava-se à volta da mesa para comer e beber. Era o rei quem devia beber primeiro. Quando tal acontecia gritava-se «o rei bebe» e todos os outros bebiam em seguida.
Foi esta festa que Jacob Jordaens (1593-1678) representou nos seus quadros com o título «O rei bebe». Tendo-se especializado em temas religiosos e cenas de banquetes, este pintor menos conhecido da época de Rubens e Van Dyck , deixou-nos 6 versões sobre este tema. Podemos encontrá-las em Bruxelas (Museus Reais de Belas Artes), em Paris (Louvre), em Berlin (Staatliche Gemäldegalerie) e em Munique (Alte Pinakothek), em Viena (Kunsthistorisches Museu) e em S. Petersbourg (Museu Ermitage).
Em todo eles se pode observar a figura do rei, bem disposto e bem bebido, com uma coroa de papelão na cabeça, cujo modelo se crê ser o sogro do pintor, Adam von Noort, de quem foi discípulo.
Jordaens realizou estas pinturas nos anos 30-40 do século XVII. Embora nalguns quadros o rei seja a figura central, como acontece no existente em Bruxelas, na pintura que pertence agora ao Louvre e na de Viena de Áustria o rei encontra-se numa das extremidades da mesa.
O que é comum a todos eles é o ambiente de festa popular, com alegria e exuberância nos modos. Esta tipo de festa, em que pessoas do povo encarnam a realeza, parece ter as suas raízes na Saturnália ou festas de Saturno, festividade romana em que aos escravos era permitido representar o papel dos seus senhores, assistindo-se a uma inversão da ordem social.
Em todos os quadros desta série a bebida está presente e podem ver-se já os seus efeitos. Para o serviço de bebidas eram usados copos de vidro, com pés elaborados, como era costume nos países baixos, pichéis de estanho e jarros de barro vidrado, elementos de luxo a contrastar com o comportamento pouco formal dos representados.
Sobre a mesa podem ver-se iguarias, salientando-se as talassas, já com os seus alvéolos e as “galettes des rois”, as precursoras do bolo-rei, no interior das quais se encontrava a fava.
Pormenor das talassas à esquerda e das galettes à direita, sobre a mesa
Agora que a Comunidade Europeia nos roubou a fava do bolo, e antes que seja esquecida, é bom recordar a sua simbologia e os momentos de alegria que o seu achado desencadeou ao longo dos séculos.
domingo, 3 de janeiro de 2010
Um presente de frutos secos: Um atado de figos
Um dos presentes que tive este Natal foi um saco de frutos secos, trazido da "terra", pelo pai de um amigo meu, que é da região de Viseu.
Dentro vinham vários frutos como peras secas, nozes e figos secos.
Embora as peras fossem lindíssimas, como se pode ver na foto, o que me surpreendeu foi um atado de figos secos.
Estou recordada dos colares de pinhões, que se compravam nas feiras e que hoje já ninguém tem tempo para fazer.
Por último, e embora já não seja novidade, porque começaram a surgir há cerca de um ano, todos estes frutos vinham dentro de um saco confeccionado com sacos de café reutilizados.
Dentro vinham vários frutos como peras secas, nozes e figos secos.
Embora as peras fossem lindíssimas, como se pode ver na foto, o que me surpreendeu foi um atado de figos secos.
Estou recordada dos colares de pinhões, que se compravam nas feiras e que hoje já ninguém tem tempo para fazer.
Lembro-me das penduras de uvas para fazer passas.
Mas atados de figos eu nunca tinha visto. Por isso decidi fotografá-los e mostrá-los.
Mas atados de figos eu nunca tinha visto. Por isso decidi fotografá-los e mostrá-los.
Há vários tipos de sacos e cores, mas os Delta Ouro são os mais usados.Esta sim uma boa reciclagem, porque além de serem resistentes são bonitos. Devo dizer que até já vi pessoas que os usam em vez de carteiras
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