sexta-feira, 28 de março de 2014

Museu Virtual: Iogurteira Yalacta

Nome do Objecto: Iogurteira Yalacta 

Descrição: Caixa exterior de base circular, com tampa com pega em forma de y. No interior tem uma outra caixa em alumínio com tampa dentro da qual se encontram 4 potes de iogurte pentagonais, em cerâmica branca.
Materiais: Caixa exterior em baquelite malhada em castanho e preto. Caixa interior em alumínio. Potes em cerâmica.
Época: Cerca de 1950.

Marcas: YALACTA no interior da tampa e na base da caixa exterior «Made in France»
Origem: Francesa adquirida no mercado português.

Grupo a que pertence: Equipamento Culinário

Função Geral: Equipamento para preparar os alimentos

Função Específica: Para a confecção de iogurte.

Nº inventário:1357 e 4012.

Objectos semelhantes: Não classificados.

 

Notas:

Os potes para iogurte podiam ser em porcelana ou em pyrex. Nalguns casos existia um pote mais pequeno, no centro, destinado a colocar o termómetro, vendido pela mesma empresa. Existiam vários modelos de que se mostram os catálogos. 

HISTÓRIA:


A Yalacta existe em Paris desde 1926 tendo sido fundada por um  emigrante arménio de nome Savary(1) que trouxe consigo os seus fermentos lácticos para produzir iogurte e kefires. Aproveitando o facto de Metchnikoff, de quem já falamos, ter grandemente influenciado o hábito de ingerir iogurtes no Ocidente, começou a comercializar os seus produtos. Mais tarde, nos anos 50, começou a vender vários utensílios para a confecção de iogurtes, como é visível nos catálogos. A publicidade ao iogurte como produto saudável para jovens e idosos, e às iogurteiras, feita na década de 1950 ajudou à sua comercialização e divulgação.
Em 1973, a Yalacta foi integrada numa empresa francesa, a Compagnie Générale de Diététique, que se dedica à produção de complementos alimentares e que continua a comercializar os fermentos lácticos e as iogurteiras.

(1) Em 1952 foi René Pierre Marie Savary, quem fez no Canadá o registo da marca, já conhecida no país desde 1932. Seria o próprio ou o filho?

domingo, 23 de março de 2014

Recordações fotográficas de piqueniques

Perdeu-se o hábito dos piqueniques, esse momento mágico de fuga ao quotidiano. Eles antecipavam um período de descanso, de prazer, de contacto saudável com a natureza e a oportunidade de ter um tipo de refeição diferente, mais informal, mas deliciosa.

Não se pode esquecer que o convívio entre os vários elementos participantes, família ou amigos, fortalecia as relações entre as pessoas que, no regresso traziam recordações gratificantes. Mas para além das memórias que se guardavam mentalmente ficavam também as imagens fotográficas, que mais tarde faziam reviver esses momentos.
Nestas duas fotografias de famílias e de períodos diferentes fixaram-se dois desses acontecimentos. A primeira deve datar do início do século XX, um lanche tomado numa tenda, perto da casa que serviria nas férias e que se vê num dos lados da foto. Sobre a mesa três chávenas permitem-nos concluir que o terceiro elemento, talvez a mãe, foi quem tirou a fotografia. Há um ar de calma serena e a criada de avental branco vigia o menino. O ar sério deste faz-nos crer que não era uma novidade e que se devia repetir durante as férias. Em primeiro plano um urso de peluche e um comboio permitem-nos concluir que se tratava de um intervalo nas suas brincadeiras.
Pelo contrário, a segunda fotografia, da década de 1940-1950, mostra uma família risonha entusiasmada com a ideia do piquenique. À frente o filho mais novo, de chapéu de palha, como que comanda as tropas. Risonha a irmã transporta um cesto de palha com lanche e logo atrás a mãe espreita. A terminar o cortejo o pai com dois grandes bancos de madeira. Iriam assistir a alguma festa ou seria um momento em família? Nunca saberemos, mas fica-nos um sorriso no rosto quando vemos estas imagens.

quinta-feira, 20 de março de 2014

A mesa aristocrática e sociabilidade nos séc. XVIII e XIX


Programa
Primeira Sessão – 5 de Abril
A mesa no século XVIII
- Antecedentes e influências
- A evolução do serviço à francesa
- A baixela de mesa
- Os alimentos e as bebidas
- A etiqueta
- Os banquetes e a importância do dessert
Segunda sessão – 12 de Abril
A mesa do século XIX
- Mudanças fundamentais
- As novas peças de mesa e cozinha
- A influência da tecnologia
- Estética e moda
- Herança atual do século XIX
O curso de dois dias, 5 e 12 de Abril, terá lugar em Cascais no Museu Biblioteca Condes Castro Guimarães e serão utilizadas as peças do seu espólio para exemplificar os vários temas. Irei apresentar alguns dados inéditos e também controvérsias sobre algumas das peças. 

As inscrições são até ao dia 28 de Março e o espaço é limitado. Não se atrasem. 
As inscrições podem ser feitas através do site:
http://www.cm-cascais.pt/evento/curso-mesa-aristocratica-e-sociabilidade-nos-seculos-xviii-xix




quinta-feira, 13 de março de 2014

As bolachas Garrett

 
Em 1902 a cidade do Porto foi palco de várias manifestações de homenagem a Almeida Garrett (1799-1854).
No mesmo ano em que o escritor seria colocado num túmulo no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa onde havia falecido, o Porto, sua cidade de origem, desdobrou-se em comemorações.
 
O Ateneu Comercial do Porto efectuou um sarau musical a 30 de Maio e publicou uma edição comemorativa de postais ilustrados. Houve representações teatrais de peças da sua autoria. 
Juntou-se aos festejos de homenagem um jornal da sua terra natal «Os Pontos» com um número extarordinário dedicado a Almeida Garrett. A sua forma de homenagem passava pela apresentação de desenhos de vários artistas dedicados ao dramaturgo. 
Nalgumas das suas folhas surgiam anúncios publicitários a várias empresas do Porto. Mas um deles era da Fábrica de Bolachas e Biscoitos da Pampulha, em Lisboa, que tinha na altura um depósito no Porto na Rua D. Pedro, nº 143 a 147. 
O seu proprietário, Eduardo Costa, que se orgulhava de ter muitos amigos no Porto, associava-se ao tributo e lançava uma nova marca de bolacha denominada «Garrett». 
A acompanhar a notícia surgia a foto do proprietário, que era enaltecido como «um inteligente, activo e simpático industrial lisbonense». Na notícia de página inteira podia igualmente ver-se a imagem da sucursal no Porto.

É a  isto que se chama marcar «Pontos». 

sexta-feira, 7 de março de 2014

Os raladores Microplane®

  O meu primeiro contacto com um ralador deste tipo foi numa aula para aprender a fazer licores. Tinha pedido a uma amiga minha, Sofia Loureiro dos Santos, para exemplificar como se fazem licores, num curso no Centro de Artes Culinárias. É verdade que eu andei a investigar a história dos licores durante mais de 3 anos, mas eu sou a teórica e ela a prática que os confecciona há vários anos. 

O licor inicial era um licor de tangerina e para tal era necessário ralar o vidrado dos citrinos. A Sofia puxou de um Microplane® e num instante ali estava a raspa em grande quantidade retirada com uma facilidade extraordinária. Pouco tempo antes numa loja da especialidade numa nova tentativa do ralador perfeito, eu tinha optado por um outro ralador para citrinos em vez deste, muito mais caro. Acabou por ficar junto aos anteriores, como objecto de colecção, agora que descobri esta maravilha da técnica. 

A história do raladores ou raspadores Microplane® começou em 1990 como objectos dedicados à industria de madeira, inventados pelos irmãos Richard e Jeff Grace, que fundaram a Grace Manufacturing, nos Estados Unidos.

Em 1994 uma dona de casa canadiana, Lorraine Lee, utilizou para fazer um bolo de laranja uma raspadora que o marido tinha comprado num armazém para os seus trabalhos e ficou maravilhada com o resultado. A raspa da laranja saia suavemente. Comunicada esta descoberta abria-se um novo campo para esse tipo de produtos: a cozinha. 

Porque razão este ralador não é mais um? É que é feito de forma diferente sendo os orifícios abertos por um processo químico, com um sal corrosivo, que os torna mais cortantes, como lâminas de barbear.
Hoje a empresa, que produz instrumentos médicos e ferramentas para a indústria da madeira e do metal, faz também  utensílios para a cozinha onde tem já mais de 40 variedades, que representam cerca de 65% dos lucros da empresa.

Se virem no youtube há chefes a ensinar como se utilizam as diferentes variedades. Para já apenas adquiri o ralador de citrinos que serve para outras funções como ralar gengibre, alho, etc. Depois de se usar um ralador destes todos os outros nos parecerem obsoletos e, à excepção do ralador quadrado, que é óptimo para legumes (mas péssimo para os citrinos), os restantes entraram na reforma.
Ralador quadrado bom para ralar cenoura, pepino,etc.
Quero só acrescentar que existe uma maneira correcta de o usar: como o arco de um violino. Isto é, segura-se o citrino na mão esquerda e com o ralador com a lâmina para baixo vai-se rodando suavemente sobre a superfície e o vidrado acumula-se na face superior da grelha. Fácil e eficaz. Um grande passo na história da cozinha.

domingo, 2 de março de 2014

Os porcos e o humor neste Carnaval

Quase um século separa estes dois postais. O primeiro, de finais do século XIX, mostra uma imagem ousada para a época que, com a abertura do postal, rapidamente se revela inocente. 
O segundo data de 1979 e é um calendário publicitário ao "Restaurante Boa Viagem", na Mealhada, cuja especialidade era o leitão assado. 
Ao abrir-se o cartão revela-se a verdadeira imagem de uma menina de formas curvilíneas com um leitão ao colo. O espaço era aproveitado para publicitar «o almoço da casa a preço económico». 
Ao longo dos tempos o porco, esse simpático e inteligente animal, tem sido utilizado para trocadilhos humorísticos. 
Associado frequentemente aos cozinheiros, um tema a que voltarei, pareceu-me apropriado para esta época de Carnaval em que, a pouco e pouco, se vai perdendo o hábito das “partidas” e o sentido de humor.