quinta-feira, 26 de maio de 2022

Quinta feira de espiga, outra vez

O tempo passa a correr. Já é 5ª feira de espiga novamente. O ramo velho vai fora e pendura-se o novo ramo, que vai secando. O vendedor queixa-se que o preço é o mesmo e eu respondo-lhe que o ramo é mais pequeno.

Na rua cruzo-me com pessoas que vão para o trabalho com o ramo na mão.  Seguramente provincianas como eu que recordam o tempo em que elas próprias o colhiam, em grupo. Tradições reconfortantes que nos levam a desejar que o próximo ano, apesar das ameaças mundiais seja, pelo menos, tão bom como este.

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Convite: apresentação no Fundão do livro "Cadernos do Dominguizo"

 Dia 28 de Maio às 17 horas na Biblioteca Municipal. 

No final poderemos comer alguns dos doces da região como os indispensáveis Biscoitos de azeite ou Biscoitos de três pernas, que neste livro (início do séc. XIX) são designados Bolos do João Dias.


domingo, 15 de maio de 2022

Os Porfírios, o seu boneco e o Wally

 

Este post podia chamar-se “encontrei o Wally”, uma sequela para quem se lembrar dos livros “Onde está o Wally”. Mas esse Wally que teve tanto sucesso só apareceu em 1987 em Inglaterra e o nosso herói português é muito anterior.

Parece tratar-se de uma mascote da loja Porfírios, de que desconheço o nome. O seu “casaco à Dr. Jivago”, reproduz a moda do final da década de 1960, depois do filme com o mesmo nome ter divulgado a imagem do belo Omar Sheriff, com um casaco comprido, assertoado, e botões duplos. A camisola de gola alta e as calças de xadrez de boca larga em baixo completam o que se chamava o look ié-ié.

Imagem por cortesia de Carlos Caria

Na imagem do interior da loja dos Porfírios no Porto que foi fundada por Porfírio Augusto de Araújo e que se situava na Rua de Santa Catarina pode ver-se o nosso boneco pendurado do tecto.

Boneco de costas com a etiqueta identificadora
Lembro-me de ir ao Porto com o meu avô, era eu muito nova, pré-adolescente, e de ir a essa loja que já era considerada moderna. Comprei lá uma camisola de algodão com riscas largas, azuis e verdes, de óptima qualidade, porque a vesti durante anos e resistiu até hoje.

Imagem tirada da internet. Créditos fotográficos desconhecidos.
O grande sucesso da loja seria no entanto na sucursal lisboeta, que todos pensavam ser a original. Foi inaugurada em Lisboa em Dezembro de 1965 e situava-se na Rua da Vitória, 55-63, tomando o nome Porfírios Contraste, por iniciativa de dois irmãos do fundador da loja do Porto.

Logótipo de 1966

O logotipo da marca, que se tornou famoso, variou um puco ao longo dos anos, mas era completamente inconfundível.

Logo em 01-08-1996 foi feito o registo da insígnia Por-fí-ri-os e por baixo um círculo tipo alvo em preto e branco. O pedido foi feito pela firma Porfírio de Araújo e Filhos, Lda. 


Logótipo da Por-fí-ri-os Contraste em 1996

Ainda em 1-08-1996 o logotipo evoluiu para um círculo com as letras em cima. Em 2001 a loja encerrou.

Mas a sua história é de grande sucesso. Era um local mítico onde se ia quase em peregrinação. À posta formavam-se bichas para entrar, reguladas por um porteiro. Lá dentro era um labirinto com escadas e locais com coisas fantásticas que nos transportavam a Londres e à moda de Carnaby Street, outro local de encontros do 3º grau. Era um acontecimento.

Saco de papel dos anos 60

As peças de roupa que lá se compravam eram vestidas com orgulho, transformando as pessoas em seres “modernos”. È engraçado porque não me lembro de peça nenhuma que aí tenha comprado e no entanto nunca esqueci a blusa comprada anos antes no Porto. Mas sei que os casacos à Dr. Jivago eram aí vendidos.

Pormenor da imagem do Drugstore do Porto antes apresentado

Qual não foi o espanto quando ao procurar imagens da época me deparei com uma imagem da loja do Porto onde se encontrava este boneco. Presente num postal na posse de Carlos Caria, meu amigo, que a disponibilizou para completar este poste e fechar assim o círculo, a fazer lembrar o logótipo que o boneco apresenta nas costas.

 

quarta-feira, 11 de maio de 2022

Convite: apresentação do livro Cadernos do Dominguizo em Guimarães

 No dia 20 de Maio estarei em Guimarães, no Paço dos Duques, para apresentar o meu último livro "Cadernos do Dominguizo" baseado num registo de receitas do início do século XIX. 

Espero ter o prazer de reencontrar as pessoas dessa zona. Até lá.


 

quarta-feira, 4 de maio de 2022

Limão caviar

Estes belos exemplares foram-me dados pela minha amiga Conceição, que os comprou na zona de S. Pedro do Sul e vou experimentá-los agora pela primeira vez. São extremamente raros e são hoje muito apreciados, em especial pelos chefes que anseiam por novidades. É este tipo de alimento que acabo por deixar estragar, porque acho tão interessante que tenho pena de o abrir. Já era assim em pequenina quando guardava os chocolates que me davam pelas festas, numa altura em que estes não eram de consumo diário, como agora.

Mas tenho que os abrir porque sei que lá de dentro vão sair umas pequenas pérolas que, introduzidas na boca, rebentam libertando um sabor cítrico diferente segundo as diferentes variedades. E como eu gosto de citrinos em especial os ácidos.

Foto tirada da internet

O nome da planta que o produz é Microcitrus australasica que indica logo que é um pequeno citrino natural da Austrália, das florestas tropicais. Embora seja de difícil cultura inicial, já se cultiva em vários sítios e, pelos vistos, também em Portugal.

Com o tempo surgiram múltiplas variedades e a pele pode apresentar-se em várias cores como castanha, roxa, laranja, vermelha, preta ou verde, ou amarela como esta, dependendo da variedade. O mesmo acontece com a cor da polpa.

Ao contrário dos outros citrinos não se espreme para tirar o suco mas comem-se as pequenas pérolas, que podem ser usadas sobre pratos de peixe e outros, com a vantagem de ficar lindíssimo.

Acho que vamos reencontrarmo-nos mais vezes.